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Miúdos vivem a aldeia

Vila Fernando foi o palco escolhido da “Aula viva” para os 250 alunos do agrupamento de Escolas de S. Miguel-Guarda

A pacata aldeia de Vila Fernando, a poucos quilómetros da Guarda, foi invadida pela algazarra das centenas de crianças, que participaram na 2ª edição do “Viver a Aldeia”, na passada terça-feira. Já perto da antiga escola primária havia uma grande euforia, protagonizada por 250 petizes de bonés vermelhos e amarelos, num total estimado de cerca de 300 participantes. No palco das festas, Joaquim Pereira, um dos professores envolvidos na organização, gritava para fazer ouvir os últimos conselhos: «Não se pode correr, nem deixar ninguém para trás».

Ao terceiro sinal dado pelo professor, os miúdos saíram uns atrás dos outros, sem consultar o mapa e meio desorientados. Dirigiram-se todos para a estação mais próxima: “A caça ao Tesouro”. Só mais tarde se aperceberam do erro e voltaram para trás. Com excepção da equipa 12. Foi a primeira a chegar e saiu-se bem. O Marco, de 13 anos, aluno da escola de S. Miguel, é o chefe da equipa e por isso leva o diário de bordo na mão. Já o Rodrigo, de 12 anos, seu colega de carteira, transporta a bandeirola, enquanto o Telmo, da Escola Primária de Vila Mendo, leva o saco para recolher o lixo. O mais novo da equipa é o Filipe, tem 8 anos e anda na 3ª classe, na escola do Marmeleiro. E ainda o Joaquim do mesmo ano lectivo, mas da escola do Barracão. No meio de tantos rapazes há uma rapariga, a Filipa, também da escola de S. Miguel. Depois de terem visto no mapa que aquela seria a primeira estação da equipa, partiram destemidos à procura do “Tesouro”. O trajecto não foi fácil. Primeiro, tiveram que passar dentro de uns tubos coloridos, essa foi a parte «divertida», atira a Filipa, o mais complicado foi coordenar os movimentos ao andarem nas “lagartas” presos pelos pés, ainda para mais o líder dizia «esquerda-direita, esquerda-direita», mas na prática fazia o contrário, por ser “esquerdino”.

Quase que não saíam do lugar. Depois do jogo da corda, partiram em busca do tesouro no pinhal, através dos sinais de pista. Prova superada com alguma minúcia pela Filipa, que encontrou o baú atrás de uma árvore. A recompensa foi rebuçados para toda a equipa. Na Rua da Escola esperava-os uma sessão de geometria criativa. Os mais novos tinham que completar um geoplano e os outros construir um Tangram. Prova superada com alguma minúcia pelos mais pequenos. Mais complicada esteve a construção dos mais velhos, que não conseguiram concluir com sucesso. «Fogo», dizia irritado o Rodrigo, que pedia mais tempo para completar. «Paciência, é só um jogo», tentava acalmar a professora que coordenava as operações. «O próximo vai correr melhor», assegurava serenamente a voz do comando, antes da equipa rumar à antiga escola primária. Entretanto, juntou-se outro elemento ao grupo, que chegou atrasado, «mais um Telmo», disseram em uníssono, mas este vindo da escola do Adão. «Onde é que isso fica?», pergunta, inocentemente, o Marco. A terceira estação foi «canja», garante, com um sorriso nos lábios, o líder do grupo. Só tiveram que pesquisar na Internet sobre os santos populares e os petizes têm grande destreza para as novas tecnologias. Ao longo do percurso ainda apanharam todo o tipo de lixo que encontraram, pois «quanto mais, melhor», garantia o Telmo, a começar pelos papéis dos seus rebuçados. É que a equipa que mais lixo recolher terá direito a um prémio especial.

Malhar o centeio é com eles

Na Eira, junto ao campo de futebol, o desafio é de outros tempos e consiste em malhar centeio sem levar com o mangual na cabeça, «afastem-se e tenham cuidado», alertava insistentemente o professor, mas o Marco continuava a malhar a torto e a direito. «Isto custa mais do que estudar», graceja o pequeno, sob o olhar atento de Armindo Pereira, natural da aldeia, e que ali estava para explicar a técnica. «Antigamente, malhava muito centeio, agora é que já não se faz isso», conta o popular, de 65 anos, que está «muito contente» por ter à sua volta tanta criançada. Depois da malha, ala para uma estação que “mete água”, já que se trata de pescar peixes de madeira numa piscina. Vestidos a rigor, com coletes de salvação, os miúdos tentaram apanhar o maior número de peixes. Mas, ainda houve tempo para descobrirem que o Rio Noéme passa ali perto. Já na sexta estação do circuito personalizado para cada equipa é que foi disponibilizado o almoço.

A novidade desta edição foi a participação das crianças do pré-escolar, que fizeram outro tipo de actividades e um percurso alternativo. No final, foram atribuídos diplomas de participação.

Patrícia Correia

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