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Contra a lamúria (II)

Ao Cristianismo, em Portugal, sempre faltou o mortal (com e sem aspas) inimigo para o estimular, contrariamente à Alemanha, onde o Luteranismo sempre esteve para o “trazer em sentido”. A tarefa que incumbe à Igreja lusa é ciclópica, porque os espíritos não apenas estão acobardados, idiotizados, menorizados – por responsabilidade da “esposa de Cristo” e em que medida, isso não é fácil de identificar. Mas o que a Igreja tem que proclamar, alto e bom som, é a iniciativa em vez da resignação, o optimismo absolutamente exponenciado – porque é divino – em vez da lamúria, a confiança em vez da descrença, o sagrado da riqueza material em vez da mediania, a excelsa elevação da Vida em vez da abominável moda de momento.

A Igreja – sobretudo – tem de saber quem está disposto a colaborar com ela sem prescindir da peculiaridade das suas análises, bem como de ouvir o chocante da realidade por olhos que têm acesso a um mundo que não é manifestamente o seu, mas do qual lhe virão inestimáveis – para além de tudo o que possa imaginar-se, digamos – contributos. Se necessário que opte decididamente pela qualidade, em vez de pela quantidade.

A dimensão humana é tão profunda que a Vida é esta espantosa aventura de infindável crescimento – e humildade, e respeito, e disponibilidade para o saber, a elevação. Qualquer que seja a área em que a Universidade, mesmo o Liceu, se movam, a Igreja deve estar atenta, de uma finíssima atenção. Porque urge declarar que, estando o âmbito da Universidade no puramente laico, nenhum seu título tem a nobreza do genuíno progresso – mesmo que a universidade portuguesa, na área das Humanidades, fosse muito maior. Não é segredo para ninguém que, não raro, é um vespeiro ou pior. E o DN de ontem, 12-V, na 1.ª página, sob uma fotografia de Manuel Maria Carrilho, exarava: «Carrilho ataca jornalistas para justificar derrotas nas autárquicas». É um Prof. Universitário sobre o qual V. Pulido Valente, zurze, agastado, no Público d’hoje.

Sem quaisquer titubeios – antes com absolutamente declarada determinação – a Igreja deve pôr-se ao lado dos que andam a denunciar esta mistela que passa por ser Democracia, em que – nomeadamente – o ensino ministrado é uma poção deletéria, com uma ministra que, ademais, nem sequer elementar educação tem. Deve igualmente denunciar a pletora dos idola fora, igualmente poção deletéria. Não, claro, como quem está numa trincheira, mas como quem detém a força do pudor e o pudor da força. Homens de uma inexpugnável dignidade, clérigos ou seculares, juntar-se-ão para proclamarem a Luz sobre as Trevas; e o nosso Bispo que não perca tempo, que identifique e acarinhe os bons. A um “escorpião” não falta energia e não é novidade para ninguém a gravidade do momento que se vive.

Depois que expanda esta força a nível nacional.

Guarda 13-V-06

Por: J. A. Alves Ambrósio

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