Até ao final do ano, a Câmara da Guarda vai ter on-line um eco-mapa da cidade onde será possível identificar os casos de incumprimento ao regulamento dos resíduos sólidos urbanos. Esta é uma das medidas a implementar para «fomentar o civismo» dos guardenses e fazer diminuir a factura do lixo enviado para o aterro da Águas do Zêzere e Côa. Lurdes Saavedra, vereadora responsável pelo pelouro do Ambiente, promete uma «campanha choque», mas sobretudo a aplicação de coimas aos prevaricadores. «Temos fotografias de vários casos que vamos colocar on-line e dizer onde estão», avisa, admitindo igualmente o recurso à polícia para identificar os faltosos.
A medida invulgar integra o rol de projectos que autarquia tenciona desenvolver até ao final de 2006. Apresentadas na passada sexta-feira, as iniciativas partem da constatação de que há «muitos problemas ambientais» no concelho e que os cidadãos têm uma quota-parte de responsabilidade na sua resolução. «A Câmara não consegue resolvê-los sozinha enquanto continuarem as más práticas», refere Lurdes Saavedra, anunciando que os guardenses vão ter uma moratória quanto ao lixo. Desde o Dia Mundial do Ambiente que está em curso uma campanha de sensibilização, perspectivando-se também um reajuste de todo o sistema de recolha, nomeadamente com novos contentores, à vista ou no subsolo, outras localizações e barras de protecção nos pontos mais problemáticos. Depois, mas só em 2007, a palavra de ordem será «fomentar a fiscalização e a aplicação de coimas» a quem não cumprir, garante a vereadora, prometendo «intransigência» após a entrada em vigor do regulamento. «A recolha está a funcionar bem, as práticas é que não», considera, citando o caso do centro histórico. «Ali recolhe-se o lixo doméstico três vezes por dia, mas podia fazer-se cinco ou seis vezes que as pessoas tinham sempre resíduos para colocar na rua», aponta.
Lurdes Saavedra espera ter melhores condições no início do próximo ano para «exigir boas práticas e responsabilizar os cidadãos», recordando entretanto que as multas já existem e vão dos 50 aos 500 euros, um máximo aplicado a quem colocar entulho de obras nos contentores. Para este tipo de resíduos, a Câmara conta mesmo disponibilizar um espaço próprio, a criar numa pedreira ou mina desactivada, bem como em poços artificiais. Por outro lado, haverá o “Dia Azul”, que consiste na recolha, um dia por semana, do papel e cartão gerado nos estabelecimentos comerciais. Outra novidade prende-se com a recuperação do rio Diz, uma tarefa ciclópica já iniciada com o levantamento de todos os pontos contaminantes do único curso de água que nasce no concelho. «Actualmente é repelente, mas ainda é possível reabilitá-lo se lhe dermos os meios de recuperar por si próprio graças a uma intervenção biofísica», explica a vereadora. A começar pela nascente, que não é mais que uma manilha. O objectivo desta intervenção é fazer regressar os guardenses às suas margens disponibilizando um percurso pedestre entre a nascente e a Quinta da Maúnça, passando pelo Chafariz da Dorna. «O rio Diz vai ter dignidade até ao Noeme daqui a quatro meses», anuncia.
Propostas revolucionárias
O pelouro do Ambiente da Câmara da Guarda quer revolucionar o sector. Com o projecto “Agricultura Urbana” tenciona ceder pequenas hortas aos habitantes da cidade, preferencialmente aos utentes de lares e centros de dia, mas também vender um cabaz de produtos hortícolas em produção biológica. A iniciativa denomina-se “Cesta Verde” e assenta na certificação desses legumes produzidos na Maúnça. Por outra lado, anuncia as Rotas Natura, percursos pedestres à volta da cidade, o primeiro dos quais será inaugurado dia 1 de Julho entre a Guarda e a Quinta da Maúnça, numa extensão de 12 quilómetros. O segundo é dedicado à saúde, mas depende da despoluição do rio Diz. Finalmente, na Maúnça, que passará a funcionar aos fins-de-semana, vai surgir o espaço “Miminho”, um serviço de bar, e a possibilidade de fazer pique-niques mediante o aluguer de mantas e cestos. A ideia é levar os guardenses até à quinta mais famosa dos arredores. Que o digam os alunos dos jardins de infância e das escolas do concelho. Já por lá passaram cerca de sete mil crianças, tendo havido 500 visitas guiadas para alunos de fora do concelho. Outro número recorde foram as 3.500 árvores plantadas em três dias na actividade “Pintar o Cinza de Verde”.
Luis Martins