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História trágica de Pedro e Inês em cena no Teatro das Beiras

“Castro” estreia amanhã no auditório do Teatro das Beiras

O Teatro das Beiras estreia amanhã à noite a peça “Castro”, baseada na trágica história de amor entre D. Pedro I e Inês de Castro. Em pouco mais de uma hora, o público assiste a um espectáculo que prima «pela interpretação dos actores», aponta o encenador Pedro Fiúza, para quem a peça tem que ser «limpa e forte».

O início poderá ser surpreendente para alguns espectadores. Muitos até podem questionar-se se a cena integra o espectáculo. Tudo porque um dos actores começa a falar em crioulo ao telemóvel. Entre as palavras incompreendidas, percebe-se que não se pode alongar porque vai entrar numa peça de teatro com muito sangue. Depois de o apressarem, os actores posicionam-se deitados uns a seguir aos outros na diagonal. E assim começa esta versão de Pedro e Inês. Não há muitos cenários nem adereços. Os figurinos também surpreendem: não são da época, mas roupas normais, das que se usam actualmente. «Esta é uma história que todos conhecem e não quero que seja mais um clássico», refere Pedro Fiúza, sublinhando que a riqueza do espectáculo centra-se na dramaturgia do texto e na interpretação. É, por isso, um espectáculo «minimal», em que o cenário é «o palco e a luz», apesar das duas cadeiras e dos três estrados em madeira. Admitindo tratar-se de um espectáculo «difícil» de encenar, Pedro Fiúza tem as melhores expectativas quanto ao sucesso junto do público. Até porque os problemas referenciados no texto de António Ferreira, a partir do qual o espectáculo é construído, ainda hoje são debatidos.

António Ferreira escreveu sonetos, odes e comédias, mas a sua obra de referência foi “Inês de Castro”, em 1557, considerado o drama mais admirável do classicismo português. Foi também a primeira tragédia do renascimento luso (traduzida para inglês em 1597 e depois para francês e alemão) e a segunda na moderna literatura europeia. Além dos amores de D. Pedro e D. Inês de Castro, a obra põe em evidência o conflito entre a razão de Estado e o sentimento de justiça, visível nas hesitações do rei D. João IV quando aconselhado a matar Inês. Problemas que o encenador quer que «sejam vivos e fortes» na interpretação. A 64ª produção do Teatro das Beiras é interpretada por António Saraiva, Flávio Hamilton, Inês Mexia, Marco Telmo, Miguel Telmo, Sofia Bernardo e Sofia Valadas. O espectáculo está em cena nos dias 17, 18, 22, 23, 24, 27 e 28 de Junho no auditório da companhia.

Liliana Correia

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