No mesmo fim-de-semana em que um tribunal internacional pediu aos países sérios para prender Vladimir Putin, se o encontrarem por aí, Donald Trump ameaçou imediatamente que também ia ser detido um dia destes. Sabendo que o ego do ex-presidente americano é ainda maior do que a sua cabeçorra, cabeleira incluída, não surpreende ninguém que Trump tenha saltado logo para o terreiro a gritar “Preso? O Putin? Eu é que vou preso. Óptima detenção. Fantástico recluso.”
Donald Trump está para a política internacional como as velhas estão para as urgências. “Ai tem uma guerra civil num pulmão? Pior estou eu, que tenho um tumor no Médio Oriente.” Para Trump, só há dois tipos de coisas bem feitas nos Estados Unidos da América – as que ele faz e Big Mac’s.
Trump não é apenas desprovido de empatia e bom senso. Também lhe faltam conhecimentos sobre regras da democracia, do decoro e da gramática. Trump e Putin são tão parecidos que parte da sua acção política é dedicada a destruir a reputação daquilo que eles mais apregoam amar e defender, as suas “civilizações”.
No próximo ano, haverá eleições a que ambos desejam concorrer. Numa delas, a candidatura oficial inventa candidatos muito parecidos com os da oposição para confundir o eleitorado. No outro, aparecem candidatos muito parecidos no mesmo partido para desmoralizar o eleitorado.
A única, mas determinante, diferença é que, num deles, o resultado é incerto. No outro, se ninguém faltar à chamada, é certinho. A incerteza, às vezes, é uma grande vantagem.
* O autor escreve de acordo com a antiga ortografia