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Explica-me como se eu tivesse 34 anos

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Segundo um relatório da OCDE, Portugal é dos países da Europa que mais dinheiro gasta em percentagem do PIB na educação das suas criancinhas (5,8% do PIB português contra 4,4% do espanhol, por exemplo) até ao fim do ensino secundário. Aparentemente, Portugal gasta muito mais do que a maioria dos países civilizados em Expos, Europeus e Escola. Curiosamente, tudo palavras começadas pela letra E, que também inicia as duas grandes exportações naturais dos portugueses para o mundo, a Emigração e a Estupidez. Este é o Portugal moderno dos três E’s, em contraste com o Portugal salazarento dos três F’s .- Fátima, Fado e “Forniquem Esses Pretos”.

Mas não nos devemos lamentar, porque os resultados, felizmente, começam a aparecer e a tornar Portugal um país moderno. Por exemplo, a taxa de abandono escolar é muito maior aqui do que para lá das fronteiras. Compensa gastar mais, para fazer com que mais depressa os rapazes e raparigas deixem a escola. Portugal forma tão bem os seus estudantes que muitos não vêem qualquer utilidade nas instituições educativas a partir dos 14 anos. Em Portugal há 49% dos jovens a concluir o ensino secundário e em Espanha 62%. O dinheiro que Portugal emprega na educação promove uma mobilidade estudantil rara na Europa – os alunos deixam a escola e nunca mais lá voltam. Países como o Japão, com taxas de conclusão do ensino secundário próximas dos 100%, vêem em Portugal um bom exemplo para os seus jovens, que passam demasiado tempo na escola, perdendo assim grande parte da adolescência com livros em vez de investirem em actividades mais lucrativas. Um relatório anterior havia já demonstrado que as famílias espanholas investem muito mais na educação dos seus filhos que as portuguesas, uma característica reveladora da ingerência paternalista dos adultos na vida das crianças. Ora Portugal é um país moderno onde os filhos podem não sair de casa dos pais, mas pelo menos não lhes pedem dinheiro para estudar.

Já o investimento do Estado em termos percentuais no ensino superior, segundo o mesmo relatório da OCDE, é dos mais pequenos da Europa. No entanto, este governo estabeleceu prioridades por ordem alfabética e a universidade vem bastante longe na lista. Antes há ainda a Ota, a produtividade, a qualidade, os reformados, o Soares, o TGV e só depois então as universidades. Além do mais, as reclamações contra o desinvestimento na educação de nível superior são espúrias. Existe, isso sim, uma preocupação estratégica total. Por exemplo, o governo apoia linhas de crédito para compra de computadores portáteis. Ora é sabido que estes computadores mais leves provocam menos luxações nos ombros dos jovens rapazes e raparigas, que por sua vez não gastam tempo nem dinheiro nas urgências hospitalares, para além de ser mais difícil de utilizar a velha desculpa de que a disquete funcionava em casa e na sala de aula não. Como se vê, com uma única medida, o governo cuida da aprendizagem e da saúde pública. O Ministério dedicado ao ensino superior está também atento ao que sucede nos níveis inferiores. Se quanto mais dinheiro o Estado gasta, mais os alunos saem da escola, para as qualificações superiores inverte-se a fórmula. Para manter os jovens na universidade até à conclusão dos seus estudos, um objectivo nobre do ensino superior, deve gastar-se para os últimos graus de aprendizagem o mínimo possível. Também as famílias compreendem esta equação e os portugueses são, na Europa, dos que menos dinheiro gastam com a educação universitária dos seus filhos. É uma atitude compreensível, uma vez que o preço da gasolina e o Imposto Automóvel não param de subir e não é fácil manter um filho com carro a estudar numa universidade.

Por: Nuno Amaral Jerónimo

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