Seis meses após as eleições autárquicas, os órgãos da Junta de Freguesia de S. Martinho, na Covilhã, foram finalmente instalados. O consenso entre as três forças partidárias foi conseguido no final da semana passada com o presidente da junta eleito pelo PSD a concordar com a presença do PS e da CDU como vogais.
Recorde-se que o impasse estava instalado desde 31 de Outubro, altura em que Victor Tomás Ferreira aceitou constituir uma junta tripartida. Contudo, Álvaro Mineiro e Marco Gabriel, “cabeças de lista” do PS e da CDU, respectivamente, nunca chegaram a tomar posse, visto que dias depois Victor Tomás Ferreira considerou o acto ilegal. Na altura, justificava-se com a lei de Janeiro de 2002, alegando que cabia ao presidente da Junta a escolha dos vogais e da mesa da Assembleia. Uma posição contestada pela oposição, que obteve a maioria na Assembleia de Freguesia, retorquindo que o presidente tinha aceite a proposta e colocado a mesma à votação.
O “braço de ferro” que existia desde então terminou com um acordo entre as partes, de forma a não atrasar ainda mais os destinos da freguesia. Até porque urgia a necessidade de aprovar o relatório de contas de 2005 e o plano de actividades e orçamento para este ano. Além disso, se a situação não ficasse resolvida até ao final de Abril, os destinos da junta poderiam vir a ser decididos em Tribunal ou em eleições intercalares, visto que a oposição estava determinada a pedir a demissão do presidente. «Era impensável que a junta estivesse parada em gestão corrente durante dois ou três anos à espera que o tribunal resolvesse a situação», disse Victor Tomás Ferreira, explicando assim os motivos que o levaram a aceitar este acordo. Apesar dos receios iniciais, o presidente da Junta diz estar «aberto a trabalhar», pois o que interessa, a seu ver, «é trabalhar em prol da freguesia» para levar a bom porto alguns projectos que entende serem fundamentais para os residentes. Entre eles, destaca-se a construção de um centro comunitário que contemple as valências de infantário, pré-escola, ATL (Actividades de Tempos Livres) e um lar para idosos.
Apesar de satisfeito com a resolução do problema, Marco Gabriel não poupa algumas críticas à actuação do presidente, visto que «este acordo já poderia ter acontecido a 5 de Novembro». Todo este período foi, na sua opinião, «tempo perdido». Mas para o eleito da CDU, há que «atirar para trás das costas» esses problemas e «trabalhar o mais depressa possível», acreditando ser possível fazer um bom trabalho com os três partidos. «Só temos que reunir o melhor de cada uma das propostas nos programas eleitorais, as melhores ideias e as competências de cada um e colocá-las em prática», apontou. Opinião defendida, de resto, por Álvaro Mineiro, considerando que agora «estão reunidas as condições» para a junta trabalhar.
Liliana Correia