A mais morna eleição para bastonário, a mais pobre e a menos comprometida. Estamos quase a ter um novo bastonário. Houve apenas um debate público, mas restrito, a 4 de janeiro, entre todos os candidatos. Foi um debate que devia estar ainda online através do “Observador”, mas não está! Uma eleição sem visitas aos hospitais, sem contacto direto com os eleitores, sem emails, sem mensagens discutindo programas. Eu quase não dei conta da eleição. Provavelmente pensam todos bem das estratégicas pandémicas. Pressuponho que pensam todos o mesmo dos disparates políticos que conduziram ao fim do SNS. Pode ser previsível um conjunto de pessoas que não se expõem no Vietnam em que vendo as minhas horas. Todos têm limitações em falar claro sobre o estado de calamidade das urgências nacionais. O que foi o triste mandato de Miguel Guimarães fica por avaliar e perceber quem se diz continuador. Não teria o meu voto, claro! A Ordem dos Médicos tem um conjunto de pessoas que lá gravitam há décadas e que representam um sindicato de voto que elege os bastonários há muitos anos. O sindicato é composto por dezenas de médicos que adoram os colégios, adoram liderar grupos e sobretudo desenham estratégias fronteiriças onde sempre há lucro e ganha-pão. A plástica não quer os médicos estéticos, os dermatologistas odeiam os clínicos gerais, os cirurgiões vasculares não querem os cirurgiões gerais nas varizes, os ortopedistas dão as amputações, mas querem os túneis cárpicos contra os plásticos e os gerais. Sindicatos de gestão financeira. O importante é sempre o dinheiro e no fim alguma ética e a procuradoria dos doentes. Temos agora mais uma oportunidade de ter um bastonário e uma liderança para um caminho diferente, mas como vem do descrito anteriormente, será difícil o que nasce da mesma sopa não saber aos mesmos condimentos. A grande luta dos profissionais tem de ser por princípios: 1- Salários justos para horários claros. 2- Horários repartidos de modo a ocupar espaços de forma completa nas instituições públicas. 3- Desincentivar as alcavalas e os subterfúgios para acrescer aos salários. 4- Locais dignos de exercício profissional. 5- Defesa de um Serviço Nacional de Saúde que tenha foco na velocidade de resposta aos doentes. 6- Otimização dos sistemas em rede de formação. 7- Redução dos CRIS que servem de desigualdade salarial ao sistema. 8- Melhor investimento dos dinheiros da Ordem dos Médicos em favor dos Médicos e sobretudo do infortúnio de alguns.
Ordem dos Médicos – Novo triénio
“O importante é sempre o dinheiro e no fim alguma ética e a procuradoria dos doentes. “