A erupção do monte Tambora, na Indonésia, produziu-se entre os dias 10 e 11 de abril de 1815. Foi a erupção mais forte dos últimos 1.600 anos e também a mais trágica, com dezenas de milhares de mortos. O Tambora emitiu três vezes mais enxofre que o Pinatubo e a coluna de gases elevou-se até aos 45 quilómetros de altitude, muito acima da troposfera. Para se compreender um pouco melhor esta comparação entre vulcões refira-se que o Monte Pinatubo, nas Filipinas, entrou em atividade a 15 de junho de 1991 com uma erupção duas vezes mais catastrófica do que a que soterrou a antiga cidade de Pompeia.
Os compostos de enxofre expelidos pelo vulcão do monte Tambora foram distribuídos por todo o planeta, aumentando durante alguns anos o albedo planetário. A superfície escureceu e as temperaturas desceram 0,7 a 1°C em média, durante vários anos. As precipitações foram anómalas, perderam-se colheitas, o que conduziu a fome e epidemias.
Na Europa, o ano de 1816 foi designado de “ano sem verão”. Nesse ano, Mary Shelley, Percy Shelley, John W. Polidori e Lorde Byron passaram as férias de verão juntos em Genebra, na Suíça. O estranho estado do tempo obrigou-os a permanecer no interior da habitação durante dias, o que proporcionou um curioso concurso sobre histórias de terror. Do mesmo surgiu o romance “Frankenstein” ou “Moderno Promoteu”, de M. Shelley, o poema “Obscuridade”, de Byron, ou a obra “O Vampiro”, de Polidori, pioneira no seu género. Esse estranho verão inspirou algumas das obras-primas da literatura de terror.
O impacto do Tambora coincidiu, além disso, com um episódio de atividade solar mínima. Os dois efeitos juntaram-se para produzir um dos episódios mais frios da Pequena Idade do Gelo.
Frankenstein nasceu no ano sem verão
“O impacto do Tambora coincidiu, além disso, com um episódio de atividade solar mínima. Os dois efeitos juntaram-se para produzir um dos episódios mais frios da Pequena Idade do Gelo.”