«A Câmara da Covilhã não quer que continuemos a realizar actividades e a apoiar as pessoas mais carenciadas da freguesia». É desta forma que Carlos Martins, presidente da Junta de Freguesia da Conceição, reage aos cortes financeiros da autarquia para as freguesias urbanas da cidade. A indignação foi transmitida na última segunda-feira pelo socialista, em conferência de imprensa, acusando a autarquia de «excluir» e «discriminar» a freguesia por esta ser do PS.
Recorde-se que o Plano de Actividades e Orçamento da Câmara para 2006, aprovado por maioria na Assembleia Municipal de 23 de Dezembro, retirava a transferência de verbas provenientes do Fundo Geral Municipal, Fundo de Coesão Municipal e Fundo de Base Municipal para as quatro freguesias da cidade – Conceição, Santa Maria, S. Pedro e S. Martinho. Apenas as restantes 27 freguesias rurais foram contempladas com a transferência de verbas para a gestão de despesas correntes.
A revolta pública de Carlos Martins surge face ao silêncio dos restantes três presidentes das juntas urbanas face à proposta de realizar uma reunião conjunta com o edil para discutir a situação, e também por este «não estar disponível para nos receber», critica.
Apesar de reconhecer que a Câmara não tem «a obrigação legal de transferir verbas para as freguesias», Carlos Martins considera que tem pelo menos a «obrigação moral» de o fazer, ainda para mais tratando-se da freguesia do concelho com «mais residentes» e que, por isso, a que mais contribui para os «cofres da autarquia». Além disso, critica ainda o facto da autarquia nunca ter «feito um protocolo para obras com esta junta ao longo deste últimos 12 anos em que se encontra na presidência da freguesia.
Para Carlos Martins, esta é uma decisão que irá «prejudicar a freguesia» uma vez que irão «reduzir, certamente, os apoios a algumas actividades» face à falta de recursos financeiros. Até aqui, a Câmara da Covilhã transferia para a junta 34,4 mil euros anuais. «Valor que nos permitiria desenvolver uma série de trabalhos», principalmente na área social e de apoio às pessoas mais carenciadas. No entanto, Carlos Martins garante que a junta irá continuar a «manter a dinâmica» que tem mantido ao longo dos 12 anos em que se encontra na presidência da junta.
A “O Interior”, Carlos Pinto, presidente da Câmara da Covilhã, criticou a «má gestão financeira» da junta de Conceição, visto que as restantes três «não se queixaram». «Se se queixam de cortes, então devem questionar o Governo sobre os cortes para as autarquias», acrescentou ainda, afirmando que não faz protocolos porque «esta junta, apenas sabe distribuir subsídios», rematou.
Liliana Correia