Conjugando vários indicadores sócio-económicos disponíveis, pode dizer-se que, em Portugal de 2022, vive-se como sempre e morre-se como nunca.
Isto prova como o povo é uma gente em quem não se pode confiar. Ora oferece uma maioria parlamentar ao grande timoneiro, como a seguir desata a morrer à doida e a viver à míngua. Acho que já vai sendo tempo de as pessoas decidirem se querem viver num paraíso socialista ou num lugar onde se vive (e morre) em boas condições.
Felizmente, o governo está para ajudar o país. As pessoas podem andar a morrer desalmadamente, mas os serviços públicos estão salvaguardados. No socialismo português, o que realmente importa é salvar o SNS, não os doentes, tal como na educação o mais relevante é preservar as escolas públicas, não o que se aprende nelas. No fundo, o povo continua a ser uma grande chatice para quem governa Portugal. Já dizia o poeta, se Portugal fosse só três sílabas de plástico, António Costa seria um excelente primeiro-ministro. (Alexandre O’Neill não escreveu a segunda parte, mas já era possível inferir.)
Esta semana, o governo socialista deve ter ficado preocupado com um relatório da Amnistia Internacional, que acusa as forças armadas ucranianas de defender as populações no território onde são atacadas, e de usar hospitais e escolas – inutilizados por mísseis russos – como base defensiva. Segundo a Amnistia, se escolas e hospitais não forem usados para ensinar e curar, não podem ser usadas para mais nada. Se o governo português decidisse seguir estas recomendações, qualquer dia as nossas instalações também acabariam por fechar.
Na guerra, enquanto o exército russo bombardeia e invade as cidades, mata, viola e rouba as pessoas, a Amnistia Internacional não percebe a razão de as tropas ucranianas não se defenderem nos campos, ao lado dos girassóis. Não é por falta de espaço, só pode ser por má vontade.
Segundo a Amnistia, bem esteve o general Pétain na Segunda Guerra Mundial, que entregou metade da França aos nazis, salvaguardando de forma bem clara a segurança das populações. Pelo contrário, Churchill, com a sua teimosia, provocou os bombardeamentos de várias cidades inglesas pela Luftwaffe.
* O autor escreve de acordo com a antiga ortografia