MARIA ADELAIDE MARTINS BAPTISTA
Idade: 55 anos Naturalidade: Almeida Profissão: Assistente técnica na Escola de Santa Clara, do Agrupamento de Escolas Afonso de Albuquerque, na Guarda Currículo: Concluiu o ensino básico no concelho de Almeida; Foi administrativa em empresas de construção civil; Esteve emigrada na Suíça durante quase um ano e no regresso a Portugal foi estudar Secretariado de Administração no Instituto Politécnico da Guarda; É assistente técnica na EB de Santa Clara, na Guarda Livro preferido: “A Alma de Pássaro”, de Margarida Rebelo Pinto Filme preferido:“O Clarim da Revolta” Hobbies: Ouvir música e ir ao teatro«Este livro fala das emoções, as minhas e as de todos nós»
P – Acaba de publicar o livro “Apenas sentir”, de que fala a obra?
R – Este livro fala de emoções, é uma viagem de emoções. Tem a ver com o dia-a-dia, uma frase, um momento ou um acontecimento com pessoas amigas. Tenho muitos poemas que são sugestões. Há um intitulado “Chama” para uma pessoa amiga. Estava em casa dela e ela disse-me “olha ali na nossa lareira aquela chama tão bonita” e essas palavras ficaram-me na cabeça. O livro tem coisas positivas e negativas, há também um olhar e uma crítica sobre a sociedade relativamente aos nossos comportamentos e aos dos outros. No fundo, fala das emoções, as minhas e as de todos nós.
P – Quando decidiu lançar este livro? Qual foi o momento em que percebeu que tinha que escrever?
R – Foi com muitos empurrões, devo dizer a verdade. Desde a juventude que sempre gostei de fazer quadras, umas mais populares. Tinha 15 anos quando escrevi os primeiros versos, eram uma espécie de relato de um jogo de futebol. Eu gosto de futebol, na altura até jogava numa equipa não federada. Nesse tempo a minha linguagem não estava tão aperfeiçoada, escrevia quadras simples, mas, de vez em quando, ia escrevendo umas coisas, uns desabafos para libertar a pressão que sentia dentro de mim e passava para o caderno. Mas nunca liguei muito, dizia sempre que eram apenas parvoíces minhas, uns devaneios. Entretanto, em conversas com amigos, houve uma pessoa que me perguntou porque não fazia uma compilação do que escrevia num livro. Na altura não liguei muito, mas aquilo ficou-me no subconsciente. Mais tarde comecei a fazer acrósticos com os nomes de pessoas e uma delas deu-me um “link” para participar num campeonato nacional de poesia online promovido pelo escritor Pedro Chagas Freitas e isso deu-me motivação para escrever mais assiduamente. Eu lia às pessoas próximas, que me diziam que o que escrevia era tão bonito que não podia ficar na gaveta e assim foi. Os anos foram passando e surgiu uma oportunidade, em plena pandemia. Fui à apresentação do livro de uma amiga e pedi-lhe o contacto do editor, que me pediu para lhe enviar no máximo 50 poemas. Passados dois ou três dias disse-me “parabéns, foi escolhida”. Agora é a fuga para a frente. Já não há volta atrás. Costuma dizer-se que o caminho não se faz sozinho e eu tive muita gente que caminhou muito a meu lado, este livro também se deve muito a eles.
P – A que faixa etária se destina este livro?
R – Sinceramente nem sequer olhei a isso. Todos somos feitos de emoções, por isso acho que este livro é para todas as idades e para pessoas com mais ou menos formação. Às vezes é como quando estudamos uma língua estrangeira, não percebemos as palavras todas, mas basta entendermos duas ou três para perceber o contexto da frase – digo isto porque já tive o “feedback” positivo de algumas pessoas. Para as pessoas lerem e gostarem é preciso ter sensibilidade porque este livro está carregado de sensibilidade. As emoções são a nossa sensibilidade, mas por vezes queremos por a razão à frente porque as emoções denunciam-nos e nós nem sempre queremos mostrar o que realmente somos. Eu defendo que devemos ser autênticos, mesmo que isso nos prejudique.
P – Quantos livros é que Adelaide Baptista já escreveu?
R – Este é o meu primeiro livro. Foi mesmo uma aventura, empurraram-me para ela.
P – Como é que foi o processo de escrita e quais são os seus planos para o futuro?
R – Como disse, eu não sou escritora. Isto surgiu do nada. Foi quase uma hecatombe, mas no sentido positivo. Foi uma bola de neve. Toda a gente me está a incentivar para continuar e eu sinceramente estou a pensar porque me sinto inspirada – visto que também tenho essa motivação. Na editora, a “Poesia Fã Clube”, pediram-me 50 poemas e eu tenho muitos mais. E agora vou escrevendo ainda mais, mas sem criar expetativas altas. É “deixar fluir”, como digo no livro. Apenas fluem livremente os impulsos do sentir, e eu vou pelos meus.
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