A vida na Terra, incluindo a humana, evoluiu e prosperou num ambiente particular, o existente na superfície do nosso planeta. A Terra possui uma atmosfera e um campo magnético intenso, garantindo uma proteção eficaz contra a radiação que enche o espaço. Assim, no espaço ou em qualquer local onde não exista uma proteção comparável, ficamos expostos a radiação perigosa. Esta radiação consta de dois componentes: ondas eletromagnéticas e partículas.
As ondas eletromagnéticas não são particularmente exóticas: a própria luz é uma onda eletromagnética. Há, no entanto, ondas deste tipo mais energéticas do que a luz visível, que são, por ordem crescente de energia, os raios ultravioleta, os raios X e os raios gama. Sendo mais energéticas, estas ondas são perigosas para a saúde. Esta radiação é emitida pelo Sol e outros corpos celestes. Viaja pelo espaço, mas quando chega à Terra, é filtrada pela atmosfera, que a absorve em maior ou menor grau, consoante o seu comprimento de onda, e a reduz a uma quantidade compatível com a vida. No quotidiano, expomo-nos a pequenas quantidades de raios ultravioletas solares. À medida que a altitude aumenta, a presença dos raios UV solares tende a aumentar, porque o efeito filtrante da atmosfera se torna menos eficaz. Se não existisse atmosfera aos raios ultravioletas solares esterilizariam a superfície do nosso planeta e a vida, caso tivesse conseguido nascer, precisaria de ter desenvolvido estratégias de proteção adequadas.
A seguir temos a segunda componente, a das partículas. O espaço está repleto de partículas emitidas pelos corpos celestes. O Sol emite um fluxo de partículas composto principalmente por eletrões, protões e núcleos de hélio, conhecido por “ventos solares”.
Além do vento solar, também existem os raios cósmicos formados sobretudo por protões e núcleos atómicos, frequentemente com energias muito elevadas. Tratam-se de partículas que possuem cargas elétricas e é aqui que entra em jogo o campo magnético terrestre. Com efeito, o campo magnético terrestre impede que estas partículas cheguem de maneira direta ao nosso planeta, formando uma espécie de escudo. Na sua ausência, as partículas provenientes do espaço chegariam diretamente à atmosfera e, ao longo do tempo, poderiam destruí-la.
Por último, na Terra, o conjunto campo magnético-atmosfera constitui um filtro eficaz. Não é completamente impenetrável, mas é uma questão de quantidade: evoluímos para viver num ambiente em que, de vez em quando, alguma radiação chega do espaço, mas conseguimos tolerá-la, desde que a quantidade seja baixa.
O espaço é um lugar seguro?
“Se não existisse atmosfera aos raios ultravioletas solares esterilizariam a superfície do nosso planeta e a vida, caso tivesse conseguido nascer, precisaria de ter desenvolvido estratégias de proteção adequadas.”