TIAGO MACENA
Enólogo Idade: 39 anos Naturalidade: Guarda, Sé Profissão: Enólogo Currículo: Trabalha atualmente no Alentejo, Dão e Douro; é estudante do segundo ano, parte prática, do prestigiado Institute of Masters of Wine; Especializado em Viticultura e Enologia pela licenciatura em Engenharia Agronómica no Instituto Superior de Agronomia da Universidade de Lisboa, onde fez também uma pós-graduação em “Wine Business”; Em 2017 criou a sua própria empresa de consultoria técnica, com foco em enologia e vendas de mercado externo. Livro preferido: Idem… “A um Deus desconhecido”, de John Steinbeck, e/ou “Manhã Submersa”, de Vergílio Ferreira Filme preferido:“Gosto de muitos sem gostar em particular de nenhum… “Braveheart” Hobbies: Ler, viajar, gastronomia«Vejo potencial e distinção nos vinhos da Beira Interior»
P – Como é que um guardense entra no mundo dos vinhos e pode vir a ser um dos primeiros “Master of Wine” português?
R – Entrei por gosto! Depois do ensino secundário, ingressei no Instituto Superior de Agronomia, em Lisboa, sabendo que gostava, e gosto, de ar livre e não queria, nem quero, um trabalho de secretária. Em Agronomia, tinha várias áreas de especialização possíveis e a viticultura e a enologia pareceram-me mais interessantes que as restantes opções. Comecei a trabalhar na área dos vinhos a tempo inteiro desde o início de 2007, tendo feito antes, desde 2004, vários estágios em Portugal e no estrangeiro. Com toda a experiência acumulada, e diferentes pessoas que fui conhecendo ao longo do percurso, descobri que tinha no Institute of Masters of Wine (IMW) um desafio monumental, tal a exigência e globalidade de conhecimentos requeridos. Assim, fui aceite como estudante em setembro de 2012, mas em janeiro de 2014 percebi que precisava de estar mais bem preparado para o nível de conhecimento pedido. Entre 2014 e setembro de 2017 coloquei o meu empenho de estudo fora do IMW e retornei, em 2017, para conseguir concluir o percurso e poder vir a ser um “Master of Wine”. O plano foi correndo de feição até 2019, quando pude ir a exame pela primeira vez e passei na componente teórica, faltando a parte prática. Em 2020, o ano foi suspenso devido à pandemia. Em 2021, não tive sucesso no meu exame prático, pelo que vou apresentar-me a exame no final deste mês, capaz, preparado e pronto para dar o meu melhor e passar. Em meados de outubro/novembro, os resultados dirão do meu sucesso!
P – Qual é a sua atividade profissional?
R – Sou enólogo, trabalho em três pequenos produtores, em três regiões distintas: a Adega Marel, no Alentejo; o Rules Wines, no Dão; e num pequeno produtor no Douro. Também presto apoio técnico a uma loja online, o Wines.pt. O resto do tempo é dedicado a estudar para o IMW.
P – Integra o júri do 15º Concurso de Vinhos da Beira Interior, como caracteriza os vinhos da região?
R – Sendo uma região tão vasta, abarcando um território tão extenso, que vai do Sul da zona de Castelo Branco até quase ao Douro, é difícil uma generalização. Mas se dividirmos a região entre as sub-regiões que a constituem – Cova da Beira, Pinhel e Castelo Rodrigo, já são possíveis generalizações mais consistentes. Assim, a Cova da Beira, dada a localização mais a Sul, a menor altitude, proporciona vinhos mais frutados, mais voluptuosos e cheios. A zona Norte – Pinhel e Castelo Rodrigo –, quer pelo clima mais fresco, quer pela maior altitude, possibilita vinhos brancos, mais frescos – isto é, têm uma acidez vincada; e tintos com frutas mais vermelhas e menos maduras se comparados com a Cova da Beira.
P – Vê potencial nos vinhos da Beira Interior?
R – Vejo potencial, bem como vejo distinção! O trabalho que tem sido feito, quer pelos produtores da região, quer pela Comissão Vitivinícola Regional da Beira Interior (CVRBI), que tutela, regulamenta e promove os vinhos locais, tem sido muito bom. É preciso continuar, é preciso realizar o potencial para que deixe de ser potencial e passe a ser real. Continuar a afirmação da região pelo que a torna única, pelas castas – a Fonte Cal, a Síria, a Rufete –, tendo nas restantes o complemento para construir vinhos únicos. A Beira Interior tem identidade própria e deve continuar a afirmá-la, para se distinguir e ser conhecida fora de portas, quer nacionais quer internacionais.
P – O que prefere, branco ou tinto?
R – Depende! (resposta à engenheiro!!)… Depende do que vou comer, se está frio ou calor, da companhia! A maior parte das vezes sou mais consumidor de branco, mas não tenho preferência.
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