Depois de muitos avanços e recuos nos últimos anos, a Câmara da Guarda inaugurou no sábado a requalificação do conjunto histórico da Póvoa do Mileu, uma intervenção que permite a visitação do espaço.
A estação arqueológica foi descoberta em 1953, durante os trabalhos de construção da estrada de ligação entre a Guarda e a Guarda-Gare. Além das ruínas do período romano, que remontam aos séculos I e II, no local está também a capela românica da Senhora do Mileu, datada do século XIII e classificada, desde 1950, como Imóvel de Interesse Público, pela Direção Geral do Património. Na cerimónia inaugural, a diretora regional de Cultura do Centro, Susana Menezes, destacou que esta valorização do conjunto histórico da Póvoa do Mileu «é fruto de um processo de negociação, escuta, reflexão e de muito trabalho» entre o município da Guarda e as equipas técnicas da DRCC. «Teve muitos avanços e recuos, aprovações e “desaprovações” de projetos, desenhos e “redesenhos” de soluções que tiveram sempre como objetivo último proteger e valorizar este bem cultural de maior relevância para a compreensão, permanência e construção deste território humano», justificou a responsável.
A intervenção representa um investimento de 400 mil euros, cofinanciado pelo Programa Operacional do Centro 2020, cujo responsável da Unidade de Gestão falou numa «semana fantástica» para a Guarda com a adjudicação da recuperação do órgão de tubos da Sé, a abertura do conjunto arqueológico do Mileu e a recente aprovação do financiamento dos passadiços do Mondego. «Em todo este conjunto de aprovações, estamos a falar de qualquer coisa como 3,5 milhões de euros que colocamos à disposição da Guarda e que elevou de 12 para cerca de 15 milhões os financiamentos angariados pela Câmara Municipal, onde incluímos também 775 mil euros de fundos europeus para o Festival em Rede», revelou Luís Filipe.
Para o presidente do município, a requalificação da estação arqueológica do Mileu, «mais do que uma promessa, era um dever para com a Guarda e os guardenses» porque era um espaço que «estava quase abandonado, na sua envolvente, apesar da riqueza histórica e cultural que comporta». Sérgio Costa salientou tratar-se de «um dos mais importantes sítios romanos de todo o interior Norte de Portugal», pelo que é «obrigação» da Câmara «preservar e contribuir» para a investigação dessa história. «Muitos eram os guardenses que passavam, pelo menos uma vez por dia, por esta estação arqueológica, que devia ter impacto e dignidade, mas a maior parte deles e dos visitantes, pura e simplesmente, não davam conta deste património tão importante», lamentou o edil, considerando que o espaço teve «a requalificação e valorização que merece».
Ruínas do Mileu com espaço requalificado
Intervenção permite visitação de um dos mais importantes sítios romanos do interior Norte de Portugal