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«O comércio tradicional precisa de mais investimento do Estado»

Cara a Cara – Entrevista

P-Como está o projecto de urbanismo comercial que pretende desenvolver no centro do Fundão?

R-O projecto Urbcom, feito em colaboração com a Câmara e com o Gabinete Técnico Local (GTL), aguarda soluções no sentido de ser possível apresentá-lo no quadro legislativo futuro, porque sabíamos de antemão que não o podíamos candidatar no actual. No entanto, poderão surgir algumas alterações, uma vez que o secretário de Estado do Comércio já anunciou que prevê lançar a curto prazo um fundo estruturante para o comércio tradicional/proximidade de 20 milhões de euros. Não sei se o Urbcom está complementado, mas temos o trabalho pronto para o candidatarmos assim que houver possibilidade.

P-Poderá haver então um maior investimento para o Fundão?

R-Ainda desconheço como se irá fazer a aplicação dos 20 milhões de euros. Sei que cada empresário terá que se candidatar para esse fim, mas considero que é insuficiente para todo o país e que não vai resolver nada. É apenas um antídoto para este problema, porque o comércio tradicional e de proximidade precisa de uma estruturação muito mais profunda, de um maior investimento do Estado e de uma aproximação das necessidades de cada um dos empresários às realidades actuais. Hoje, eles têm que lidar com uma concorrência mais implacável no terreno do que há cinco anos. Por isso considero que esses 20 milhões são insuficientes para o que se pretende fazer para o comércio tradicional. Só o investimento do Urbcom, de 12,5 milhões de euros, é mais de metade desse fundo nacional. Por isso, esse fundo é insignificante.

P-Em traços gerais, em que consiste o Urbcom?

R-Pretendemos modernizar os estabelecimentos comerciais e requalificar os espaços públicos e infraestruturas. Queremos ainda conciliar estas condições atractivas – externas e internas – com a formação. São estas áreas em que tencionamos intervir e que protagonizam uma alteração profunda de todo o tecido que está dinamizado, para que possamos concorrer directamente com outros espaços comerciais.

P-E os empresários estão receptivos a essa mudança?

R-Temos mais de 270 empresários interessados em aderir ao processo de remodelação. Julgo que é um número bastante expressivo para confirmar a sua disponibilidade para estas alterações profundas nos estabelecimentos.

P-Quando é que acha que este projecto poderá arrancar? No próximo ano?

R-Gostaria que fosse o mais depressa possível. E isso era para ontem. Acho que já se perdeu muito tempo a definir a estratégia para a sua introdução. Não há mais tempo a perder e espero que seja feito no decorrer do próximo ano.

P- Tem notado algumas quebras no comércio tradicional por causa da abertura do Serra Shopping, na Covilhã?

R-Ainda é cedo para avaliarmos, mas é obvio que estamos apreensivos. É mais um espaço comercial que vai dividir a quota de mercado e que vai ser mais uma alternativa para as compras. E é natural que isso venha a traduzir-se quebras. Essa diminuição já é notória por causa da crise económica e também há-de ser pelo aparecimento de mais espaços. A única coisa que nos resta é lutar com as mesmas armas para podermos concorrer com eles. E para isso, precisamos dotar os empresários com meios para os ajudar a modernizar os seus estabelecimentos e também promover o próprio comércio através de mais iniciativas e campanhas.

P-Uma delas é a campanha de Natal…

R-Exactamente. Começou na segunda-feira e vai decorrer até 6 de Janeiro. É uma iniciativa que visa dar visibilidade ao comércio e atrair os consumidores com medidas mediáticas, nomeadamente através de sorteios. Esperemos que desta forma os comerciantes possam aumentar as suas vendas nesta época e cumprirem os seus objectivos.

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