Cara a Cara

«As bandas filarmónicas têm de deixar de ser o parente pobre na música e na cultura»

Cara
Escrito por Efigénia Marques
P – É o novo presidente do Conselho Nacional das Bandas Filarmónicas de Portugal. Como surgiu esta oportunidade? R – Surgiu de um convite por parte do presidente da direção da Confederação Musical Portuguesa, Martinho Caetano.   P – O que vai fazer e quais são as prioridades para o mandato? R – Fazer um inquérito nacional, avaliar e fazer o ponto da situação das nossas bandas e das suas necessidades. Os tempos têm sido muito difíceis, sem ensaios, sem festas, e temo que algumas possam mesmo fechar portas. Outra das prioridades será reforçar a comunidade filarmónica através de meios, plataformas, fóruns, iniciativas que possibilitem mais visibilidade, captem mais apoios, para o trabalho extraordinário, muitas vezes com mais de 200 anos, que é feito nas bandas. As bandas filarmónicas têm de deixar de ser o parente pobre na música e na cultura, ponto final!   P – Como se caracteriza atualmente o setor das bandas filarmónicas em Portugal? R – É um setor que sofreu muito com a pandemia, mas que começa a reagir. Temos 750 bandas, melhor formação, mais professores, melhores maestros, acesso a instrumentos facilitado, existe um potencial em crescendo que pode e deve ser aproveitado por todos, a começar pelo poder local. P – E na região? R – Vamos resistindo, mas temos um grave problema: não há crianças e isto está a comprometer o futuro de muitas bandas. As nossas aldeias são históricas, graníticas, com xisto, mas estão sem gente. Sem gente não há vida, não há música, cor e alegria. É uma realidade que precisa ser vista a partir de políticas nacionais, muito urgente.   P – Quais são as maiores dificuldades/ carências das filarmónicas? R – É a falta de pessoas, situação justificada pelo decréscimo da população. Por outro lado, a falta de recursos materiais e financeiros limita a ação das bandas, pois aprender um instrumento musical requer tempo, paciência e persistência. Hoje, as nossas crianças vivem num mundo fácil, pelo que andar na banda ajuda e muito a combater isso, a descobrir valores como a amizade, o companheirismo, a partilha do palco, as emoções, as festas, os concertos. É um mundo que ajuda a crescer de forma mais alegre, criativa e saudável. Eu acredito no potencial das bandas filarmónicas!  

EDUARDO CAVACO

Presidente do Conselho Nacional das Bandas Filarmónicas de Portugal e presidente da direção da Banda da Covilhã Idade: 50 anos Naturalidade: Moura (Baixo Alentejo) Profissão: Professor na Faculdade de Ciências da Saúde na UBI Currículo (resumido): Licenciado em Biologia Marinha e Pescas pela Universidade do Algarve em 1991; Doutoramento em Biomedicina pela Universidade de Utrecht (Holanda), em 1998; Dois pós-doutoramentos na Universidade do Algarve até 2002; Professor associado na Faculdade de Ciências da Saúde da UBI desde 2002; Atualmente é também vice-coordenador do Centro de Investigação em Ciências da Saúde (CICS), onde trabalha na área da Biologia da Reprodução e Metabolismo; Tem 50 artigos publicados, capítulos de livros e uma patente; É cidadão honorário da Cidade da Covilhã desde 20 de outubro de 2011; Foi maestro da Banda da Covilhã, sendo atualmente presidente e seu diretor artístico; Fundador do Festival da Cherovia e de duas confrarias gastronómicas, tendo lançado dezenas de projetos culturais, recreativos e gastronómicos. Filme preferido: “Gattaca – A Experiência Genética”, de Andrew Niccol Livro preferido: “O Perfume”, de Patrick Suskind Hobbies: Festas, música, viajar, jardinagem, gastronomia, amigos, ser criativo

Sobre o autor

Efigénia Marques

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