A CDU fez história no último domingo ao conquistar a presidência da Junta de Freguesia de Mangualde da Serra, a primeira no concelho de Gouveia, que nas eleições de dia 9 havia registado um empate. Já nas freguesias de Celorico da Beira, onde também tiveram que ser realizadas novas eleições devido a outros empates, a vitória sorriu aos candidatos do PS. Ficaram assim resolvidos estes três casos verdadeiramente insólitos que obrigaram a uma “segunda volta”.
Em Cortiçô da Serra, onde PSD e PS tinham arrecadado 91 votos cada, os socialistas obtiveram desta feita uma expressiva vitória com 111 votos contra apenas 76 dos seus opositores. Nesta aldeia, há 253 inscritos, tendo havido 187 votantes (mais um do que no dia 9), não tendo havido quaisquer votos brancos ou nulos (três e um, respectivamente na primeira “volta). Também no Cadafaz, os eleitores foram chamados a depositar de novo o seu voto nas urnas, mas o triunfo não foi tão esclarecedor. Assim, o PS ganhou com 72 votos, enquanto que o PSD se ficou pelos 69, tendo havido ainda dois votos nulos e nenhum branco, num acto eleitoral que contou com 143 votantes. No dia 9, dos 194 eleitores inscritos, votaram apenas 140 que repartiram os seus votos, de igual modo, pelo PSD e pelo PS, não tendo havido qualquer voto branco ou nulo. Por seu turno, no concelho vizinho de Gouveia, a CDU obteve uma vitória inédita, ao ganhar a corrida à Junta de Mangualde da Serra, pois nunca havia conquistado nenhuma freguesia daquele município. Anacleto dos Santos Rodrigues, independente apoiado pela CDU, é assim o novo presidente da Junta ao receber a confiança de 81 eleitores, enquanto que a candidata do PSD se ficou pelos 63 e a do PS apenas teve 11 votos, tendo havido ainda um voto branco e três nulos, num acto que contou com 159 votantes. A 9 de Outubro, houve menos quatro votantes, sendo que o PSD e CDU tinham ficado empatados com 59 votos, enquanto que o PS tinha tido 31, tendo ainda havido um branco e cinco nulos, na freguesia que tem 202 eleitores inscritos.
Vitória representa um «acto de libertação contra a ditadura e o caciquismo»
Para os eleitos da CDU, a vitória nas eleições de domingo em Mangualde da Serra «equivale» ao que o «25 de Abril» representou para o país em 1974. «Foi sempre o PS que ganhou e o anterior presidente já cá estava há 20 anos e isso cria uma série de hábitos e de jogos de interesse», garante o grande vencedor das eleições, Anacleto Rodrigues. Deste modo, o triunfo nas eleições de domingo representa, acima de tudo, uma «vitória do povo», exulta. O autarca recém-eleito indica que o programa da CDU para a aldeia se centrou «essencialmente» na questão social. «Queremos arranjar um posto médico e um ATL para as crianças, por exemplo. Infra-estruturas já temos, só que não estão a funcionar», sublinha, sendo que «a reflorestação da área ardida» é outra prioridade. Anacleto Rodrigues espera agora que não se cumpra uma «ameaça feita por um elemento da nova vereação» na Câmara de Gouveia, ganha de novo pelo PSD, que «andou por aí a dizer que se a CDU ganhasse não havia mais verbas para Mangualde», denuncia. «Só espero que isso não se venha a concretizar porque se tal acontecer vai ser mau para todos e só vai demonstrar que a política é uma coisa muito porca», desabafa.
Igualmente satisfeito com a conquista da primeira Junta no concelho gouveense ficou João Abreu, coordenador distrital do PCP. «Foi uma grande vitória que representa um acto de libertação contra a ditadura e o caciquismo que há muito estavam implantados». De resto, esta vitória foi «ainda mais saborosa», tendo em conta que «o poder reinante se insinua e pressiona os eleitores a votar nas suas cores», critica. Contudo, no desempate, as pessoas «mais serenas e mais conscientes» optaram «claramente» pela CDU. A nível distrital, a coligação repetiu ainda o triunfo na Junta de Almeida, para além de ter conquistado a freguesia da Moita (Sabugal). Isto para além de ter «aumentado fortemente» o número de eleitos a nível de freguesias, tendo também havido um incremento no número de deputados municipais, o que só vem provar que a CDU regista uma «grande ascensão a nível distrital», reforça.
Ricardo Cordeiro
