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Médicos pedem reformulação do Serviço Nacional de Saúde

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Escrito por Carina Fernandes

Para além da carência de clínicos, a forma como funciona o Serviço de Urgência é também um problema para os médicos do Hospital da Guarda

A saúde na Guarda continua a não ter descanso. Depois de na semana passada ter sido colocado um aviso na porta das Urgências do Hospital Sousa Martins a informar que apenas doentes críticos ou em risco de vida seriam atendidos, por não existirem profissionais suficientes para assegurar o serviço na totalidade, Adelaide Campos, diretora do Serviço, esteve, na passada sexta-feira no programa “Coisas da Vida”, na Rádio Altitude, onde salientou que a atitude do cirurgião José Manuel Rodrigues, chefe de equipa de cirurgia que se demitiu, apenas criou «um alarme social, uma coisa terrível quando de facto havia dois internistas, dois cirurgiões, um cardiologista, ou seja, a equipa não estava desfeita e a partir das 4 horas da manhã haviam médicos tarefeiros a fazer serviço de Urgência», o que garantia a assistência médica.
João Correia, diretor do Serviço de Medicina Interna, também participou no programa e assegurou que «a população da Guarda não tem de estar preocupada no imediato e desde o momento que o hospital tenha capacidade de dar resposta àquilo que deu na noite de segunda para terça, que é às urgências verdadeiras, é evidente que os doentes não têm de estar preocupados». Na opinião de Adelaide Campos, «o problema da Guarda não se vai resolver na Guarda, vai resolver-se no Ministério da Saúde e da única maneira que é possível, que é refundar o Serviço Nacional de Saúde. Tem de ser repensado de novo com aquilo que existe porque já não vamos ter médicos que vêm trabalhar no final do seu curso para a periferia, para todas as aldeias do país. Isto não vai existir».
Também João Correia defende que o funcionamento das Urgências tem de ser reformulado. «Em primeiro lugar para perceber se a Urgência terá que continuar a funcionar desta forma com as especialidades de Medicina Interna, Cirurgia, Anestesia, Ortopedia, que é aquilo que compõe uma urgência médico-cirúrgica. Se calhar, faz sentido aquilo que há muito tempo se pede, que é a especialidade de urgência, urgencista, que realiza sobretudo o diagnóstico de situações traumatológicas», afirmou o médico, para quem existe «muita falta de entreajuda» entre profissionais das diferentes especialidades. Porém, ambos os médicos concordam que a falta de especialistas na ULS da Guarda continua a ser um problema.
José Manuel Rodrigues é o terceiro de 15 chefes de Urgência a demitir-se na Guarda – ao contrário do divulgado pelo Sindicato Independente dos Médicos (SIM). Quanto ao aviso colocado na porta do serviço, o cirurgião adiantou a O INTERIOR que «ainda não teve qualquer contacto oficial por parte do Conselho de Administração da ULS».

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Carina Fernandes

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