CARLOS RESENDE DA SILVA
Comandante distrital da PSP da Guarda Idade: 49 anos Naturalidade: Cabinda (Angola) Currículo (resumido): Comandante das Esquadras de Arroios e Sacavém; Comandante da Brigada Anticrime dos Olivais (Lisboa); Coordenador no Centro de Inativação de Explosivos e Segurança em Subsolo da PSP, Chefe de Divisão no Departamento de Operações da DN/PSP; Comandante da Divisão de Oeiras; Chefe de Gabinete do Diretor Nacional da PSP; Comandante da Divisão de Investigação Criminal da PSP de Lisboa; Inspetor da PSP e Comandante Distrital da PSP da Guarda. Filme preferido: “A conspiração da Aranha”, de Lee Tamahori Livro preferido: “O Código Da Vinci”, de Dan Brown Hobbies: Desenho, jardinagem, bricolagem, ler«Temos muito bons polícias, experientes e profissionais, mas na quantidade poderemos não estar a tão alto nível»
P – Quase a completar um ano há frente do Comando Distrital da PSP da Guarda, qual é o balanço que faz?
R – É muito positivo. Pude constatar uma realidade de excelente nível de segurança no distrito e de elevado profissionalismo e disciplina nos polícias deste Comando. Neste período vivemos tempos negativamente especiais no que respeita à vida em sociedade, em geral, e às missões da Polícia, em particular. Estamos e estivemos na primeira linha de combate à pandemia. Enquanto nos hospitais e nos centros de vacinação se combatia a doença e os seus efeitos, nas ruas, nos estabelecimentos e nas zonas de lazer, nós, lado a lado com a população, combatíamos a pandemia aplicando, cumprindo e fazendo cumprir as medidas de prevenção de contágio. Cumprimos estas missões específicas da mesma forma que cumprimos as nossas missões de sempre: unindo esforços com a sociedade e, juntos, adaptámo-nos e adotamos cuidados e medidas preventivas para proteger a população, mitigando a perda de liberdade inerente à conjuntura e permitindo que a sociedade pudesse continuar a “respirar”, mesmo com máscara. Em 2020, em média semanal, foram concluídos cerca de 10 inquéritos criminais, realizadas mais de cinco ações de sensibilização de prevenção criminal e de 30 ações de prevenção e sensibilização junto de alunos, idosos e comerciantes. Foram participados mais de quatro acidentes rodoviários, realizadas 12 operações de fiscalização de trânsito, fiscalizados 285 condutores, quase 50 infrações detetadas e mais de 110 testes de alcoolémia realizados. Houve ainda mais de 33 processos de licenciamento no exercício das competências exclusivas da PSP em matéria de armas e explosivos, tendo sido peritadas três armas e mais de 100 munições, enquanto 13 armas foram entregues a favor do Estado.
P – Quais foram as maiores mudanças que houve nesse período?
R – Naturalmente que a prioridade policial foi o combate à pandemia. No entanto, mesmo assim, foi possível concretizar alguma evolução, nomeadamente na motivação e condições de trabalho do pessoal do Comando (horários de serviço, reconhecimento pelo desempenho e serviço prestado, comunicação interna e qualidade do parque auto); na comunicação externa através de maior abertura à comunicação social local e maior dinâmica nas redes sociais, veículos privilegiados para maior proximidade à população, em complemento à proximidade no terreno; e ainda na visibilidade de policiamento que, apesar das missões específicas que este ano nos trouxe, tem sido possível aumentar em locais e momentos de maior concentração de pessoas.
P – Como caracteriza o efetivo e equipamentos ao dispor do Comando Distrital? Há carência de efetivos?
R – No que respeita ao efetivo, estamos muito bem na qualidade. Temos muito bons polícias, experientes e profissionais.
Na quantidade poderemos não estar a tão alto nível, mas, felizmente para os cidadãos que servimos, a qualidade dos nossos polícias e a proximidade e especialização da PSP em policiamento de cidades permite manter um elevado nível de segurança nas nossas áreas de atuação.
P – De que forma tem contornado a questão das exíguas instalações do Comando?
R – A questão das instalações policiais é, realmente, a maior dificuldade que temos encontrado. Na Guarda temos as nossas esquadras dispersas por três instalações. E quanto mais instalações, mais polícias “agarrados” a elas e menos polícias na rua. Por outro lado, em qualquer uma destas três instalações existem fortes limitações, seja de exiguidade de espaço (na sede do Comando e na Esquadra de Trânsito), seja de falta de qualidade para atendimento ao público e adequação às condições climatéricas (caso da Esquadra de Investigação Criminal). Os nossos profissionais fazem de tudo para receber o cidadão o melhor possível, mas, de facto, os guardenses merecem melhores instalações para serem recebidos pela sua Polícia.
P – Como se encontra o índice de criminalidade no distrito da Guarda? Quais os principais tipos de crime?
R- De forma objetiva, no que respeita a criminalidade, realçamos os seguintes indicadores (Dados RASI 2020 e Censos 2021): no que respeita a criminalidade geral participada, o distrito da Guarda é o terceiro distrito com menor criminalidade em 2020. Em 2019 era quarto. Em termos de criminalidade violenta e grave, o distrito foi o segundo com menos registos em 2020 e 2019. A Guarda foi o município capital de distrito de Portugal continental com menor criminalidade participada em 2020 e Gouveia foi o segundo município da área da PSP, a nível nacional, com menor valor de criminalidade geral, ex-aequo com Moura. O ratio nacional de crimes por habitante é de 1 crime por cada 35 habitantes. A Guarda é a capital de distrito com melhor ratio crime/população (1 crime por cada 52 habitantes).
P – Quais as ambições futuras para o Comando Distrital da Guarda?
R – Continuaremos a trabalhar para melhorar a proximidade e a visibilidade do policiamento com vista a manter e, se possível, ainda melhorar mais o nível de segurança das nossas cidades. Continuaremos também a procura de uma solução para a melhoria das nossas instalações em parceria com as autarquias, sempre disponíveis e empenhadas em colaborar com a PSP neste objetivo.