Jorge Sampaio foi uma das personalidades mais importantes da vida pública e política portuguesa do nosso tempo. Foi Presidente da República entre 1996 e 2006 e faleceu na passada sexta-feira aos 81 anos. Curvo-me perante a sua memória e relevo a excecionalidade de caráter de tão ilustre cidadão.
Como escreveu o seu amigo Manuel Magalhães e Silva, «foi um timoneiro, tendo como leme, em todo o quotidiano, a retidão e as virtudes cívicas da generosidade e da solidariedade. (…) Foi um resistente e um espírito livre». Um homem de princípios, um parlamentarista, um homem de Estado notável, que não esquecemos, não poderemos esquecer.
Repetindo o que escrevemos em outros momentos a propósito de Jorge Sampaio, o jornal O INTERIOR presta-lhe homenagem e recorda duas jornadas memoráveis:
O Jornal O INTERIOR nasceu em 2000 e um ano depois recebeu do Clube de Imprensa o mais importante prémio da imprensa portuguesa, o Prémio Gazeta de Imprensa Regional, que contava (e conta) com o Alto Patrocínio da Presidência da República Portuguesa. O Prémio foi outorgado porque, segundo o júri, o então jovem jornal com sede na Guarda «veio agitar as águas da imprensa regional do interior do país». No momento da entrega do galardão, na sede da Associação 25 de Abril, em Lisboa, o então Presidente da República disse na sua intervenção que «os prémios são para quem os merece!» e partilhou connosco o seu desassossego sobre a liberdade de imprensa – sobre a liberdade e a liberdade de expressão. Nesse, como em tantos outros momentos, Jorge Sampaio defendeu sempre a liberdade de imprensa como altar mor da democracia.
A 26 de outubro de 2002, Jorge Sampaio chegou à cidade da Guarda para nove dias de Presidência Aberta. Acompanhado pela esposa, Maria José Ritta, o Presidente da República Portuguesa seria recebido numa tarde amena de sol pela então presidente da Câmara Municipal da Guarda, Maria do Carmo Borges, e por uma impressionante presença de populares que encheram a Praça Velha.
O então Presidente da República conversou tranquilamente com muitos guardenses que o saudaram e, a pé, atravessou a Rua do Comércio seguindo para o Hotel de Turismo sempre acompanhado por milhares de cidadãos que não quiseram faltar nesse dia histórico para a cidade – num dia em que a cidade saiu à rua naquele que foi, seguramente, o último grande momento de vivência coletiva e espontânea dos guardenses, acompanhando e saudando o “presidente Sampaio”.
No Hotel de Turismo, o Presidente da República deu uma entrevista em exclusivo ao jornal O INTERIOR e à Rádio Altitude – naquela que foi a única grande entrevista dada por Jorge Sampaio durante os nove dias de Presidência Aberta na capital de um distrito por onde deambulou nos dias seguintes. Entre 26 de outubro e 4 de novembro, a Guarda foi a capital de Portugal, com Jorge Sampaio a visitar os concelhos da região, ajudando a lançar a Plataforma Logística na Guarda, brindando pela abertura do Skiparque em Manteigas ou homenageando Fernando Lopes em Trancoso. Ou transportando no seu carro crianças dos Trinta à escola na Guarda (simbolizando assim a importância da educação e da solidariedade)…
Obrigado Jorge Sampaio!
Até sempre!
Jorge Sampaio
“A Guarda foi a capital de Portugal em 2002, com Jorge Sampaio a visitar os concelhos da região, ajudando a lançar a Plataforma Logística na Guarda, brindando pela abertura do Skiparque em Manteigas ou homenageando Fernando Lopes em Trancoso”