Entre as primeiras escolas de pensamento que nasceram na Grécia, por volta do século VI a.C., a eleática tem uma importância especial. As ideias desenvolvidas por Parménides, seu fundador, não só exerceram uma grande influência nos seus contemporâneos, como também constituíram um dos eixos de toda a filosofia ocidental.
Sucintamente, Parménides e os seus discípulos defendiam que a razão pode levar-nos a uma única conclusão: o “ser” (ou o que é) “é”, e é o uno e imutável. De acordo com esta visão, toda a mudança tem necessariamente de ser apenas aparente e não real.
O discípulo mais famoso de Parménides, Zenão de Eleia, elaborou uma série de paradoxos com que pretendia confirmar as ideias do seu mestre, demonstrando mediante raciocínios por redução ao absurdo que o ser não pode mover-se tem de ser indivisível. Vejamos em pormenor um destes paradoxos. Consideremos um segmento e imaginemos que o dividimos num número infinito de pontos. Agora, temos duas possibilidades:
1. Se cada um desses pontos for considerado de tamanho zero, também o segmento original deverá ser, necessariamente de tamanho zero, enquanto somos de infinitos elementos carentes de extensão.
2. Se, por outro lado, se considerar que cada ponto tem uma extensão finita, o segmento resultante será, necessariamente, de extensão infinita, na medida em que é constituído por elementos que, embora possam ser pequenos, são de número finito.
Segundo Demócrito, este paradoxo podia ser facilmente resolvido supondo que realidade e especulação fossem intrinsecamente diferentes. Chegou a afirmar que, embora seja possível imaginar um segmento decomposto num número finito de pontos, não pode acontecer o mesmo no mundo real, onde o processo de divisão tem de parar necessariamente num nível determinado. Deve existir, portanto, uma mínima parte da matéria que não seja novamente divisível, a qual recebe o nome de átomo.
Decerto que o paradoxo de Zenão encontrará resolução graças à teoria moderna das séries matemáticas, que mostrará como uma soma de elementos infinitos pode ter um resultado finito.
Zenão, Demócrito e a individualidade
“Chegou a afirmar que, embora seja possível imaginar um segmento decomposto num número finito de pontos, não pode acontecer o mesmo no mundo real, onde o processo de divisão tem de parar necessariamente num nível determinado.”