O Conselho de Segurança Nuclear (CSN) espanhol deu, na semana passada, em Madrid, um parecer negativo ao pedido de autorização para a construção de uma fábrica de concentrados de urânio em Retortillo (Salamanca), perto da fronteira portuguesa.
O projeto estava a cargo da empresa Berkeley Minera Espanha, que viu inviabilizada a construção da fábrica devido à «baixa fiabilidade e às elevadas incertezas das análises de segurança da instalação radioativa em relação aos aspetos geotécnicos e hidrogeológicos» do território. Este parecer desfavorável foi recebido «com agrado» por parte do presidente da Câmara de Almeida, António Machado: «Foi um processo que nos preocupou bastante, até porque muitas das zonas onde eram feitas as extrações de grande dimensão estavam próximas da fronteira, nomeadamente das freguesias de Vilar Formoso e São Pedro de Rio Seco. As populações estavam de alguma forma preocupadas e expectantes pelo que poderia provocar», disse o autarca a O INTERIOR.
António Machado considerou que «a melhor solução foi colocar algum entrave na continuidade desse projeto, até porque os impactos no nosso meio ambiente e o risco de todos os resíduos poderem vir a dar ao rio Douro eram grandes demais para os proveitos que podíamos tirar deles». O CSN revelou ter recebido, no início deste ano, pressões da Berkeley com o envio de cartas por gestores da entidade e membros do Governo de Castela e Leão, assim como de vários investidores, no entanto, a decisão final estava dependente deste relatório agora apresentado. O parecer técnico será agora submetido ao Ministério da Transição Ecológica e do Desafio Demográfico espanhol, que irá tomar a decisão final sobre a matéria.
Nos últimos anos, ambientalistas portugueses e espanhóis têm-se manifestado contra a instalação da mina de urânio em Retortillo, a cerca de 30 quilómetros da fronteira de Vilar Formoso.