Sociedade

Yana Loginova apoia integração de refugiados ucranianos na Guarda

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Escrito por Efigénia Marques

Radicada na cidade mais alta há dois anos, emigrante proporciona várias atividades para manter compatriotas ocupadas e tenciona realizar exercícios de suporte emocional

Cerca de uma centena de refugiados estão na Guarda fugidos da guerra que está a devastar o seu país. Obrigados a abandonar a sua terra natal, alguns escolheram a cidade mais alta por já terem cá familiares, mas a maioria veio sem destino e está instalada no Centro Apostólico e no Seminário.
É para ajudar na sua integração que a compatriota Yana Loginova, “coach” de felicidade radicada em Portugal há oito anos e há dois a residir na Guarda, deitou mãos à obra e criou um projeto que apoia mulheres e crianças no dia a dia numa terra desconhecida. «É muito difícil emocionalmente para eles. Fugir da guerra… Não saber o dia de amanhã», adianta, justificando que com esta iniciativa pretende facilitar a sua integração: «Não é só arranjar trabalho ou aprender a língua. A integração é também aprender a cultura, ter algumas atividades para ocupar o tempo», refere Yana Loginova, que organiza, por exemplo, “workshops” de pintura, uma visita guiada pela cidade ou pela natureza à volta da Guarda.
Dada a sua profissão, Yana Loginova quer também realizar alguns exercícios de suporte emocional, uma vez que «não é tão fácil para eles começar a pedir ajuda. É importante falar, sobre sentimentos, sobre coisas que aconteceram na Ucrânia. Temos pessoas que perderam os seus familiares nesta guerra e crianças que ficaram três semanas dentro de um carro a esconder-se. É claro que estas pessoas precisam de desabafar», considera a “coach” de felicidade. Para levar a cabo este projeto de apoio, a ucraniana espera que o Centro Cultural da Guarda a ajude a disponibilizar um espaço. «Eu podia fazer isto no Centro Apostólico, mas neste momento eles precisam de ter rotinas diferentes, de fazer alguma coisa fora do lugar onde estão, de ver os locais, de falar com as pessoas», considera.
Para Yana Loginova realizar estas atividades são também uma «ajuda» para ela própria sobreviver nestes tempos emocionalmente difíceis. Parte da sua família continua na Ucrânia, numa cidade ocupada pelos russos, e tem «muitos receios» depois de ver as imagens do rasto de destruição e morte que as tropas invasoras deixaram. Apesar de considerar que o presidente russo está a perder a guerra por ter abandonado algumas cidades, Yana Loginova teme que Putin queira ganhar o conflito «a todo o custo» até 9 de maio – dia da vitória das tropas russas, em 1945, na Segunda Guerra Mundial. «A Rússia tenta promover este militarismo e a guerra, por isso nesse dia ele vai tentar mostrar ao seu povo que ganharam, que fizeram alguma coisa, pelo menos até 9 de maio», acredita a emigrante radicada na Guarda.
Longe da guerra, numa terra de paz, a “coach” de felicidade deixa um conselho aos refugiados que cheguem à Guarda fugidos da guerra. «Todas as coisas mudam. Agora precisamos de nos unir e criar um ambiente de amor de uns para os outros. Não devemos começar lutas internas e apoiar o próximo. Assim, com certeza, que vamos vencer», sublinha.

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Efigénia Marques

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