Sociedade

ULS da Guarda reforçada com 55 médicos internos

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Escrito por Efigénia Marques

São 36 clínicos de formação geral e 19 de formação específica, sendo que o objetivo é que se radiquem na Guarda após concluir o internato

Esta segunda-feira, a Unidade Local de Saúde (ULS) da Guarda deu as boas-vindas a 55 médicos internos. São 36 clínicos de formação geral e 19 de formação específica. No ano passado tinham sido 61 – 43 de formação geral e 18 de formação específica. O presidente do Conselho de Administração (CA) da ULS disse na sessão de receção que estes novos médicos são a «continuidade da ULS, o sangue novo que necessitamos para todos os serviços e para que possamos renovar anualmente a prestação de cuidados de saúde».
João Barranca admitiu que gostava de ter mais especialidades abrangidas, sem referir quais, mas acrescentou que «de momento» não há essa possibilidade porque «necessitamos de um número mínimo de profissionais e de preencher determinados requisitos que neste momento os nossos serviços não preenchem». Estes novos médicos estão colocados nas especialidades de Saúde Pública (2), Medicina Geral e Familiar (7), Reumatologia (1), Psiquiatria (1), Pneumologia (1), Pediatria (1), Medicina Interna (4), Medicina Intensiva (1) e Cirurgia (1). Já o diretor clínico para os cuidados primários, António Luís Serra, disse esperar que «estes internos concluam aqui a formação e depois fiquem na nossa Unidade Local de Saúde» porque «contamos que se radiquem na Guarda». De resto, realçou que ficaram «apenas duas vagas para preencher daquelas que nos foram atribuídas».
Uma das recém-chegadas à Guarda é Catarina Neves. «Tinha colegas que já fizeram formação geral nesta ULS e tinha muito bom “feedback”», declarou a médica natural dos Açores a O INTERIOR, assumindo sentir «falta do mar». A jovem internista admitiu ainda que «provavelmente» irá voltar para o litoral após concluir esta fase formativa. O contrário garante José Monteiro, que admite querer «ajudar as pessoas» na região do pai, natural das Freixedas, no concelho de Pinhel. «Tenho uma ligação emocional a esta zona», justifica o antigo estudante da Universidade da Beira Interior (UBI) que já estagiou no Hospital Sousa Martins. Contudo, José Monteiro lamenta que não possa ficar por cá por não haver vagas na especialidade que pretende seguir. «No futuro virei viver para aqui e trabalhar neste hospital certamente», prometeu.
À semelhança de Catarina Neves, também Cristina Campos escolheu a ULS guardense pela fama de que «há um ambiente muito familiar e isso facilita a transição de estudante para médico – que, às vezes, pode ser assustadora», justifica.

CHUCB recebeu 46 novos médicos

Também na segunda feira, o Centro Hospitalar Universitário da Cova da Beira (CHUCB) recebeu 46 novos médicos internos que vão iniciar a formação geral e especializada naquela unidade.
O hospital da Covilhã foi, de resto, o palco de uma sessão a nível nacional que contou com a participação do secretário de Estado da Saúde, dos bastonários das Ordens dos Médicos e Farmacêuticos; do diretor executivo do SNS; do presidente da Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) e dos presidentes do Conselho Nacional do Internato Médico e da Comissão Nacional de Residência Farmacêutica. No total, este ano os hospitais Serviço Nacional de Saúde acolhem 1.994 médicos internos para formação geral e 1.883 na formação especializada.

Garantir escalas é prioridade para 2023

No último ano houve falhas nas escalas dos serviços em vários hospitais do país. O Sousa Martins não foi imune à situação, mas João Barranca, presidente do CA da ULS, já garantiu que «estamos neste momento a trabalhar para que em 2023 não tenhamos espaços vazios nas escalas. Queremos uma escala completa diariamente e a funcionar com normalidade».
O administrador destacou outro fator pelo qual a ULS da Guarda merece uma reflexão diferente por ser uma «instituição do interior onde há uma enormíssima dificuldade em recrutar recursos humanos». Na sua opinião, «essa é a nossa maior dificuldade, nós lutamos contra isso todos os dias».

“Edifício do Comboio” em obras depois do Pavilhão 5

Na sessão de boas-vindas dos novos internos, o presidente do Conselho de Administração aproveitou para lembrar as obras que a Unidade Local de Saúde precisa de concluir em 2023.
«Vai ser um ano fundamental para a ULS da Guarda em termos de obras», já que está prevista «a conclusão da requalificação do Pavilhão 5 e o início das obras no Departamento de Psiquiatria e da reabilitação do Centro de Saúde de Seia», elencou o responsável. Já a requalificação do chamado “edifício do comboio”, no Parque da Saúde, não vai começar «sem antes terminar» a do Pavilhão 5. «Não podemos colocar o hospital todo em obras. O hospital tem de funcionar normalmente, sem perturbações. Primeiro terminamos a intervenção no Pavilhão 5 e depois iniciamos a obra do chamado “comboio”», garantiu João Barranca.

Aposentação de médicos ameaçam Centros de Saúde

2023 é um dos anos em que «vai haver maior onda de aposentações» na ULS da Guarda. O alerta é de António Luís Serra, diretor clínico para os cuidados primários, que também ele se deverá reformar.
O médico acredita que não haverá «rutura» nos serviços de saúde da região, uma vez que «os médicos que têm vindo não têm saído da ULS nos últimos dois anos, pelo que temos um saldo positivo entre as admissões e as saídas». No entanto, o antigo diretor do Centro de Saúde do Sabugal avisa que são precisos mais médicos no interior, uma «luta» que é travada «todos os dias para que os especialistas se radiquem aqui», garante. «O tempo passa e tudo vai avançando. Inclusivamente eu possivelmente este ano passarei à situação de aposentado», desabafa o diretor clínico para os cuidados primários. Este ano há 114 vagas na região Centro para médicos de Medicina Geral e Familiar.
António Luís Serra destacou como «preocupantes» os casos dos Centros de Saúde de Manteigas e de Figueira de Castelo Rodrigo. «Acho que nos vão ser atribuídas quatro vagas – não vou dizer para onde. Eu pedi mais, mas não há médicos», lamenta. Caso não sejam colocados médicos suficientes nos Centros de Saúde onde a situação é mais gravosa, «vamos ter de fazer aquilo que nunca fizemos e tentar fazer com que haja uma deslocação de médicos dos sítios em que há mais para aqueles em que há mais falta», adianta o responsável.

 

Sofia Pereira

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Efigénia Marques

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