Souto Moura projeta futuro Museu Piné

O consagrado arquiteto Eduardo Souto de Moura, vencedor de um Prémio Pritzker – o Nobel da arquitetura – em 2011, vai elaborar o projeto do futuro museu de arte contemporânea António Piné que surgirá na antiga Casa da Legião, junto à Sé Catedral da Guarda.
O imóvel, atualmente em ruínas, foi adquirido no final do ano passado pela autarquia, por 260 mil euros, para acolher a vastíssima coleção de pintura e escultura que o antigo farmacêutico da Estação reuniu ao longo da vida. Inicialmente, a Câmara previa abrir o espaço no início de 2023. O presidente do município confirmou a O INTERIOR que Souto Moura é o arquiteto escolhido para a tarefa e que o mesmo já esteve na cidade. «Já conhece o local e vai começar a trabalhar a sua proposta, sendo que não fixámos qualquer prazo para a entrega dos primeiros esboços», disse Carlos Chaves Monteiro, adiantando que a contratação dos serviços deste reputado arquiteto «não custará mais de 75 mil euros».
Com esta aposta, a autarquia quer «um projeto moderno e vanguardista, que orgulhe a Guarda e que possa ser ele próprio um motivo de atração à cidade e ao centro histórico», acrescentou o autarca. A antiga Casa da Legião está abandonada há mais de 40 anos e foi o local escolhido para albergar a coleção Piné, contribuindo também resolver «o problema» do espaço degradado em frente à Sé. O município já protocolou com a Associação Nacional de Farmácias a cedência de um acervo onde figuram obras de pintura e escultura de alguns dos nomes mais sonantes das artes plásticas contemporâneas portuguesas e mundiais.
A coleção Piné é mesmo considerada como um dos acervos particulares que «melhor ilustram as correntes estéticas que caracterizaram a arte portuguesa a partir da segunda metade do século XX». Dela constam obras de Cruzeiro Seixas, recentemente falecido, Paula Rego, Vieira da Silva, Júlio Pomar, Manuel Cargaleiro, Julião Sarmento ou Rui Chafes, entre outros, mas também Pablo Picasso, Salvador Dalí ou Miró estão representados neste acervo que António Piné, antigo farmacêutico radicado na Guarda, reuniu ao longo dos anos. Natural de Pinhel, o colecionador doou a sua coleção à ANF em 2008. Na altura, Chaves Monteiro declarou que esta coleção vai ser «um trunfo importante na candidatura à Capital Europeia da Cultura».