Sociedade

Sócios da ACG pagam para fechar contas de 2016 e 2017

Escrito por Luís Martins

O futuro da Associação Comercial da Guarda ficará decidido nas próximas semanas, ultrapassado que está o problema com os relatórios de contas em falta. Por enquanto, a atual direção faz tabu sobre a sua continuidade, mas há um grupo de sócios pronto para avançar com uma alternativa.

Os relatórios de contas em falta na Associação Comercial da Guarda (ACG), relativos aos anos de 2016 e 2017, já estão concluídos e vão ser entregues à direção «até ao final desta semana ou início da próxima», confirmou a O INTERIOR o presidente Miguel Alves. Os documentos serão depois submetidos à apreciação da Assembleia-Geral, que deverá ser convocada até ao final de dezembro.
A elaboração dos balanços desses dois anos só foi possível porque um grupo de associados decidiu pagar o trabalho ao gabinete de contabilidade que tinha cessado a prestação de serviços por falta de pagamentos da ACG. Miguel Alves adianta que a direção já tem uma súmula dos resultados operacionais da instituição, mas escusou-se a adiantar mais pormenores, como também a revelar qual será o futuro da atual estrutura diretiva. «Só depois da próxima Assembleia-Geral é que decidiremos, mas até lá continuamos empenhados em arranjar uma solução forte e novas estratégias para resolver o estrangulamento financeiro que está a asfixiar a associação», garantiu o dirigente. O presidente da ACG sublinha que as dificuldades «aumentaram exponencialmente» com o chumbo da proposta de venda da sede, uma vez que a Comercial «continua a não ter recursos financeiros para fazer face aos seus compromissos».
Contudo, sempre vai dizendo que sob a sua direção o passivo da associação «baixou para menos de metade do que era no início do primeiro mandato». A indefinição que se vive na centenária instituição guardense deverá ficar clarificada após a aprovação das contas. O INTERIOR sabe que um grupo de associados deverá avançar com uma alternativa à atual direção para «repor a normalidade, até em termos financeiros». Fonte próxima desse núcleo, que pediu para não ser identificada, acredita que até ao final do ano haverá «novo rumo» na ACG, pois acredita que o elenco presidido por Miguel Alves «não irá continuar contra tudo e contra todos». Na sua opinião, a direção tem uma capacidade de decisão «diminuída» e não será capaz de encontrar «uma saída para os problemas», tendo acrescentado que a Associação Comercial é «mais do que a direção e os seus elementos».
Os problemas da instituição foram abordados no período de ante da ordem do dia na última reunião de Câmara. Na segunda-feira, o vereador socialista Pedro Fonseca considerou que o município deveria ajudar a ACG, mas Álvaro Amaro foi taxativo: «Nem um cêntimo enquanto não nos apresentarem um projeto e um programa de atividades e muito menos agora que está falida, tem processos em tribunal e quer vender património», garantiu o presidente da autarquia. A resposta deixou Pedro Fonseca «preocupado» porque «é sinal que Álvaro Amaro não conhece a importância da ACG para a cidade». O socialista lamentou também que haja «apoios extraordinários para certas coletividades e não para a Comercial, que está em dificuldades».
O edil contrapôs que o município estará disponível para ajudar «um lóbi que represente o comércio, os serviços e a indústria», não vendo «problema nenhum» que a Associação acabe porque «o paradigma mudou»: «O que a Guarda precisa é de um lóbi forte que pense esses setores de atividade e defenda os seus interesses», insistiu, dizendo-se adepto de uma fusão entre o NERGA e a ACG. «É o melhor para a cidade», considerou Álvaro Amaro.
Confrontado por O INTERIOR com a recusa da autarquia em ajudar a Associação, Miguel Alves respondeu que «orgulhosamente, a ACG não aceitaria um milhão de euros da Câmara da Guarda cuja atual maioria tem falta de estratégia empresarial, falta de diálogo e de perceção da realidade do tecido económico da cidade».

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Luís Martins

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