Os relatórios de contas em falta na Associação Comercial da Guarda (ACG), relativos aos anos de 2016 e 2017, já estão concluídos e vão ser entregues à direção «até ao final desta semana ou início da próxima», confirmou a O INTERIOR o presidente Miguel Alves. Os documentos serão depois submetidos à apreciação da Assembleia-Geral, que deverá ser convocada até ao final de dezembro.
A elaboração dos balanços desses dois anos só foi possível porque um grupo de associados decidiu pagar o trabalho ao gabinete de contabilidade que tinha cessado a prestação de serviços por falta de pagamentos da ACG. Miguel Alves adianta que a direção já tem uma súmula dos resultados operacionais da instituição, mas escusou-se a adiantar mais pormenores, como também a revelar qual será o futuro da atual estrutura diretiva. «Só depois da próxima Assembleia-Geral é que decidiremos, mas até lá continuamos empenhados em arranjar uma solução forte e novas estratégias para resolver o estrangulamento financeiro que está a asfixiar a associação», garantiu o dirigente. O presidente da ACG sublinha que as dificuldades «aumentaram exponencialmente» com o chumbo da proposta de venda da sede, uma vez que a Comercial «continua a não ter recursos financeiros para fazer face aos seus compromissos».
Contudo, sempre vai dizendo que sob a sua direção o passivo da associação «baixou para menos de metade do que era no início do primeiro mandato». A indefinição que se vive na centenária instituição guardense deverá ficar clarificada após a aprovação das contas. O INTERIOR sabe que um grupo de associados deverá avançar com uma alternativa à atual direção para «repor a normalidade, até em termos financeiros». Fonte próxima desse núcleo, que pediu para não ser identificada, acredita que até ao final do ano haverá «novo rumo» na ACG, pois acredita que o elenco presidido por Miguel Alves «não irá continuar contra tudo e contra todos». Na sua opinião, a direção tem uma capacidade de decisão «diminuída» e não será capaz de encontrar «uma saída para os problemas», tendo acrescentado que a Associação Comercial é «mais do que a direção e os seus elementos».
Os problemas da instituição foram abordados no período de ante da ordem do dia na última reunião de Câmara. Na segunda-feira, o vereador socialista Pedro Fonseca considerou que o município deveria ajudar a ACG, mas Álvaro Amaro foi taxativo: «Nem um cêntimo enquanto não nos apresentarem um projeto e um programa de atividades e muito menos agora que está falida, tem processos em tribunal e quer vender património», garantiu o presidente da autarquia. A resposta deixou Pedro Fonseca «preocupado» porque «é sinal que Álvaro Amaro não conhece a importância da ACG para a cidade». O socialista lamentou também que haja «apoios extraordinários para certas coletividades e não para a Comercial, que está em dificuldades».
O edil contrapôs que o município estará disponível para ajudar «um lóbi que represente o comércio, os serviços e a indústria», não vendo «problema nenhum» que a Associação acabe porque «o paradigma mudou»: «O que a Guarda precisa é de um lóbi forte que pense esses setores de atividade e defenda os seus interesses», insistiu, dizendo-se adepto de uma fusão entre o NERGA e a ACG. «É o melhor para a cidade», considerou Álvaro Amaro.
Confrontado por O INTERIOR com a recusa da autarquia em ajudar a Associação, Miguel Alves respondeu que «orgulhosamente, a ACG não aceitaria um milhão de euros da Câmara da Guarda cuja atual maioria tem falta de estratégia empresarial, falta de diálogo e de perceção da realidade do tecido económico da cidade».
Sócios da ACG pagam para fechar contas de 2016 e 2017
O futuro da Associação Comercial da Guarda ficará decidido nas próximas semanas, ultrapassado que está o problema com os relatórios de contas em falta. Por enquanto, a atual direção faz tabu sobre a sua continuidade, mas há um grupo de sócios pronto para avançar com uma alternativa.