O pedido do consórcio formado pela MRG Property SA e MRG Construction SA, que ganhou a concessão da histórica unidade hoteleira da cidade, foi considerado «o primeiro ato para reabilitação do imóvel e aprovámo-lo com muita satisfação», reconheceu Álvaro Amaro, que criticou recentemente o atraso das obras. Mas na segunda-feira o presidente da autarquia reconsiderou: «Ainda temos muito tempo pela frente, são quatro anos, para que o hotel reabra», declarou aos jornalistas no final da sessão, acrescentando que estes eram «os sinais que esperava até ao final do ano». Álvaro Amaro diz-se agora «otimista e satisfeito», tanto mais que, após a ratificação da deliberação pela Assembleia Municipal de 18 de dezembro, tem «a garantia» da administração da empresa que avançam os estudos prévios da intervenção e um pedido de autorização para colocar tapumes com vista ao arranque dos trabalhos. «A MRG tem via verde na Câmara da Guarda», sublinhou o edil.
Igualmente satisfeito estava Eduardo Brito. «Sabíamos que mais dia menos dia isto ia acontecer, embora gostássemos que fosse mais cedo. Mas estamos satisfeitos por a empresa apresentar trabalho feito e querer recuperar o tempo perdido», disse o vereador socialista. O projeto de requalificação do Turismo é da autoria do arquiteto guardense António Saraiva, curiosamente ex-presidente da Federação do PS da Guarda. O contrato de concessão de recuperação do hotel foi assinado a 4 de maio de 2018 entre o Turismo de Portugal, dono do imóvel, e o grupo MRG, que vai investir cerca de 7 milhões de euros. A concessão é feita por 50 anos, no âmbito do programa Revive, sendo que o consórcio está obrigado a construir um hotel de quatro estrelas que ocupe «no mínimo 55 por cento da área bruta de construção».
O conceito a aplicar é o de “boutique hotel” ligado ao tema da neve, com 50 quartos e outras valências como spa (que estará acessível igualmente aos residentes no município) e restaurante. O Hotel Turismo, que está devoluto desde 2012, foi projetado em 1940 pelo arquiteto Vasco Regaleira e concluído em 1958, sendo um dos edifícios mais emblemáticos da cidade da Guarda. Nesta sessão o executivo também aprovou, por unanimidade, a revisão da Carta Educativa cuja principal conclusão é um «decréscimo acentuado» de alunos no concelho até 2021. «Essa perda significativa é da ordem dos 20 por cento, em média, nos diferentes ciclos de ensino nos próximos três anos», alertou Álvaro Amaro, revelando que esse diagnóstico inviabiliza a construção de um novo centro escolar na cidade.
«Seria um erro histórico. Há dez anos optou-se por criar dois centros escolares em Gonçalo e no Porto da Carne, mas a sua função está seriamente ameaçada devido à falta de alunos», exemplificou o presidente da Câmara. A alternativa será requalificar a EB de São Miguel «para onde irão drenar os alunos das escolas que encerrarem na cidade», adiantou o autarca, considerando que nestas circunstâncias a Guarda tem que ser «ainda mais competitiva e agressiva» na área da educação e na captação de alunos. «Temos que trabalhar para que estas perspetivas não se concretizem», desafiou. A oposição concordou, no entanto, Eduardo Brito considerou que também o município tem de «ir mais longe» na sua política de taxas e impostos e em matéria de desenvolvimento económico. «Não há alunos porque não estamos a fixar pessoas por falta de emprego. Não pode ser só eventos. A Câmara da Guarda faz muito pouco para ajudara reverter esta redução demográfica, mas o Governo também tem que fazer mais», disse o vereador do PS.
«Há um certo irritante da Saúde com a Guarda»
Na segunda-feira maioria e oposição convergiram em torno dos problemas da Unidade Local de Saúde (ULS) da Guarda, que deverá sofrer uma redução de 14,9 milhões de euros no seu orçamento para 2019.
O alerta foi lançado por Álvaro Amaro no período de antes da ordem do dia. O edil disse-se «preocupado» com esta «redução terrível» e tocou a rebate, pois isto significa, na sua opinião, que «a desgraduação» do Hospital Sousa Martins está em marcha. «Há um certo irritante da Saúde com a Guarda», insistiu, apelando à luta dos cidadãos, dos profissionais e dos responsáveis políticos pelas valências da ULS. «É hora de todos dizermos basta porque algo está em marcha para a destruir», avisou Álvaro Amaro, que está disponível para financiar um estudo que identifique «o que queremos na Guarda na área da saúde».
Eduardo Brito partilha das preocupações do presidente social-democrata, mas «não alinha» na ideia de haver uma estratégia para desgraduar hospital. Contudo, admitiu que o Governo tem que «esclarecer o posicionamento que a ULS deve ter no “campeonato” da saúde», enquanto a administração hospitalar também «deve clarificar a situação para tranquilizar os cidadãos».
Rotunda terá locomotiva que não estava prevista
O socialista Pedro Fonseca questionou Álvaro Amaro sobre a poluição na ribeira da Quinta da Pocariça e sobre a locomotiva que vai ser instalada na rotunda junto ao Parque Urbano do Rio Diz, isto porque poderá não vir a máquina que estava prevista. Na resposta, o presidente da autarquia garantiu que a Câmara punirá «severamente o responsável pelo foco poluidor quando for detetado». Já no segundo caso adiantou que a «solução está encontrada e até é historicamente mais adequada para a cidade», sem revelar mais pormenores.