Nos últimos dois anos os reclusos do Estabelecimento Prisional da Guarda participaram no projeto “Radioatividade”, levado a cabo pela Associação Terceira Pessoa.
Ao longo deste tempo realizaram várias atividades como a criação de uma rádio interna com rubricas próprias, entrevistas, novelas radiofónicas, música e muito mais. Nos últimos meses, vários textos de Shakespeare (entre eles “Hamlet”, “Romeu e Julieta”, “Rei Lear”, entre outros) foram adaptados pela dramaturga e escritora Maria Sequeira Mendes, que complementou as histórias de Shakespeare com as dos reclusos para que pudessem ser interpretados por eles na sequência do projeto Radioatividade.
Na semana passada realizou-se na Biblioteca Municipal Eduardo Lourenço uma conferência sobre o projeto, e Ana Gil, coordenadora da iniciativa e membro da Associação Terceira, pessoa fez um balanço dos últimos dois anos de projeto e aponta que os resultados «são muito positivos». Foram gravados oito episódios com vários reclusos, e segundo Ana Gil, os protagonistas «conseguiram interpretar os papeis e fazer um ótimo trabalho». Em jeito de desabafo, a orientadora do Radioatividade olha para tudo o que foi conseguido com «espanto», ao perceber o impacto das atividades desenvolvidas com os reclusos do Estabelecimento Prisional da Guarda.
«Tem sido um processo muito rico e temos visto os hábitos do dia-a-dia melhorar, como a leitura e a escrita passarem a fazer parte do quotidiano daquelas pessoas», aponta Ana Gil. Para além disso, o projeto radioatividade já “ofereceu” aos Estabelecimento Prisional da Guarda uma rádio interna, que na visão de Ana Gil, já trabalha de «forma proativa e autónoma», com ou sem a ajuda da Associação Terceira Pessoa e do projeto Radioatividade.