«Portugal não é só memória de glórias e fracassos», disse o Presidente da República esta segunda-feira, nas comemorações do 10 de Junho, em Pedrógão Grande. No discurso do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que «o nosso caminho secular continuou até hoje. Não se iludam outros e não nos iludamos nós. Portugal e os portugueses são sempre melhores que as antevisões dos arautos dos infortúnios. Somos sempre melhores do que o que pensamos e do que outros gostam de pensar».
«Por isso nós orgulhosamente vivemos quase 900 anos de passado sempre feito de futuro», sublinhou, dizendo que «desengane-se quem olha para nós, cá dentro e lá fora, e pensa que cedemos ao primeiro contratempo, que nós baqueamos à primeira tragédia». Num dos concelhos mais afetados pelos incêndios de há sete anos, o Chefe de Estado disse esperar que este 10 de Junho queira dizer «tragédias como as de 2017, nunca mais. Futuro mais igual e menos discriminatório para todas as terras».
Marcelo Rebelo de Sousa lembrou ainda que este ano se assinalam os 500 anos do nascimento de Luís Vaz de Camões: «Todos, mas todos, com Camões, que foi combatente como tantos dos nossos, século após século; rufião, poeta lírico e épico, contador da nossa História, a antiga e aquela que ele próprio fez», declarou, assumindo que o poeta tem de ser também «o nosso inspirador».
O discurso do PR foi antecedido da intervenção de Rui Rosinha, bombeiro na corporação de Castanheira de Pêra que ficou gravemente ferido nos incêndios de 2017, que declarou que não podemos esquecer «uma das maiores e mais mortíferas» tragédias que afetou aquela zona do país. As «cicatrizes nas nossas terras e almas são profundas e irreparáveis», disse, pedindo que não se esqueçam as vítimas, feridos e suas famílias, assim como quem perdeu tudo nos incêndios. «Não devemos esquecer aqueles que bravamente combateram aquele inferno», apelou, lembrando a morte do bombeiro Gonçalo da Conceição Correia.
«A região afetada mostrou ao mundo a força da solidariedade portuguesa», prosseguiu Rui Rosinha, lembrando que «uma nação inteira chorou e ajudou na reconstrução. Muito se falou e prometeu, mas pouco chegou ao território. A burocracia é pesada e demorada. Todos os dias tentamos transformar a dor em esperança. Nem sempre conseguimos. O caminho para a recuperação tem sido bastante difícil, mas como beirões resilientes que somos continuamos a tentar pelos que partiram e pelos que ficaram».