Sociedade

Maestrina de 27 anos dirige Banda Filarmónica de Famalicão

Ariana
Escrito por Carina Fernandes

Ariana Cunha assumiu a banda este Verão, mas já planeia muitos projetos, principalmente a formação de jovens músicos

Ariana Cunha é a maestrina da Banda Filarmónica de Famalicão da Serra, no concelho da Guarda. Saxofonista de formação e atualmente professora nas academias de música da Covilhã e de Pinhel, a covilhanense de 27 anos assume-se como uma apaixonada pelo mundo da música.
A jovem foi desafiada a assumir a regência da única banda do concelho da Guarda no Verão deste ano após a saída do antigo maestro. «Eles queriam ter alguém que fosse da banda, que conhecesse bem a humildade das pessoas e dos músicos que lá estavam e as necessidades da banda. Foi aí que surgiu o meu nome porque não havia mais ninguém com tantas qualificações na banda como eu», revela Ariana Cunha, que toca na filarmónica famalicense há quatro anos. Não tem experiência nem conhecimento nenhum na direção de bandas, mas ao longo da sua formação académica foi experimentado várias coisas, tentando «ter uma mente aberta, porque nunca sabemos o que poderemos fazer no futuro e sempre tive muito bons professores que nos disseram para fazermos tudo o que aparece nesta área. Aqui no interior, às vezes, aparece tanta coisa, mas não é o que desejamos ou que sonhamos e por isso temos de aprender e nos desafiarmos», considera a música.
Constituída por cerca de 25 elementos de todas as idades, a Banda de Famalicão da Serra tornou Ariana Cunha «mais polivalente» porque «há os músicos mais antigos, a classe de meia idade e depois também tem alguns jovens e crianças». Para a maestrina, esta é uma «boa banda por isso, porque existe uma interação de gerações muito interessante e muito produtiva para todos os lados e todos aprendem». E nem a sua idade ou o facto de ser uma mulher a dirigir parece ser problema: «Não tenho sentido isso. Não sentia enquanto saxofonista, nem agora», garante a jovem covilhanense, que não nega, no entanto, que esses foram fatores que pesaram na hora de decidir a aceitar o convite. «Apesar de já haver algumas mulheres maestrinas, é sempre um campo que não se vê muito o sexo feminino. O que tento incutir é exatamente isso: ali somos todos iguais. Mesmo quando lá andava, e ao assumir que era profissional, sempre quis que a humildade existisse em todo o lado», sublinha.
«Aqueles músicos têm mais valor do que eu porque faço aquilo todos os dias e eles não, têm o trabalho deles e ainda fazem o esforço de estudar, ensaiar e ir às festas. O trabalho deles como amadores é muito mais importante que o meu e agora continua a ser igual, ninguém é mais do que ninguém», considera Ariana Cunha. Apesar de Famalicão da Serra ter uma população reduzida, o espírito da Banda Filarmónica está bastante vivo, mas têm-se perdido um pouco ao longo dos tempos. «Acho que há vontade dos pais para que os filhos aprendam música, mas não muito numa vertente filarmónica. Ou seja, é muito mais como academia. E depois dá-se valor à banda, mas não tanto como se deveria porque as coisas estão-se a perder, nomeadamente músicos. Mas neste momento o nosso foco é investir na escola de música porque os miúdos são o futuro. Mais dia menos dia, os elementos com mais idade sairão, pelo que a escola de música é sempre uma boa forma de irmos repondo e aumentando a banda», argumenta a jovem saxofonista.
E, por isso, quanto ao futuro da Banda de Famalicão e da sua vida profissional, Ariana Cunha revela que quer investir em «algo muito diferente» do que se fez até hoje, «também para motivar os músicos a experimentarem coisas novas na música. Estamos a tentar criar projetos e estamos completamente abertos a sugestões», adianta. Já a nível pessoal quer continuar a apostar na sua formação enquanto maestrina.

 

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