Sociedade

Júlio Sarmento e mulher acusados de fraude fiscal qualificada

Turismo Judaico
Escrito por Carina Fernandes

DIAP de Coimbra já deduziu acusação num processo complementar ao caso de prevaricação de titular de cargo político, participação económica em negócio e falsificação de documento em que o ex-autarca de Trancoso é um dos acusados

O Ministério Público (MP) do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) Regional de Coimbra deduziu acusação contra Júlio Sarmento e a mulher pela prática de crime de fraude fiscal qualificada.

Segundo a acusação, os factos ocorreram no período em que o arguido era presidente da Câmara de Trancoso e reportam-se «a incrementos patrimoniais não declarados». O MP pede, por isso, a perda de vantagens a favor do Estado no montante global de 77.220,28 euros. Segundo a página da Internet da Procuradoria-Geral regional de Coimbra, a investigação foi dirigida pelo DIAP, coadjuvado pela Polícia Judiciária da Guarda e pela Direção de Finanças da Guarda. O caso está ligado ao processo em que o ex-autarca e histórico dirigente do PSD, foi acusado, com mais dois antigos vereadores do município (João Carvalho e João Rodrigues), o ex-presidente de Junta de Freguesia do Reboleiro (José Nascimento), a empresa Aurélio Lopes & Irmãos e o empreiteiro António Baraças, da prática de crimes de prevaricação de titular de cargo político, participação económica em negócio e falsificação de documento.

O MP sustenta que Júlio Sarmento «arquitetou um plano» com os restantes arguidos para concretizar obras que não estavam contempladas no Orçamento da Câmara, que enfrentava problemas financeiros, e foram realizadas sem concursos públicos. Na sua investigação, a PJ terá apurado um «património incongruente» do ex-presidente da autarquia e da sua mulher face aos seus rendimentos lícitos num valor total de 498.334,04 euros e, em consequência, o MP requereu a perda a favor do Estado de bens até esse montante, incluindo cinco casas adquiridas entre 2011 e 2016 em Trancoso, na Guarda e em Vilamoura (Algarve). O Ministério Público também requereu a perda de mandato de João Carvalho e João Rodrigues, que exercem novas funções como titulares de órgãos políticos, e solicitou a perda a favor do Estado de vantagem no valor de 274.549,14 euros.

Contactado por O INTERIOR, Júlio Sarmento confirmou o novo processo e disse ter a ver com «duas doações em dinheiro» da sogra à sua esposa, pelo que o casal é suspeito de ter ocultado cerca de 90 mil euros. «A Autoridade Tributária entende que estas doações deviam ter sido declaradas no IRS e nós entendemos, de acordo com a lei fiscal, que elas estão isentas de IRS e de imposto de selo», afirma, tendo acrescentado que foi apresentado recurso no Tribunal Administrativo e Fiscal de Castelo Branco em que é pedida a caducidade do direito da AT e a qualificação desses rendimentos. «O tribunal há de decidir, pelo que estranho esta decisão de acusação por haver ainda um recurso pendente», refere o antigo autarca, para quem este novo processo é «uma coisa estapafúrdia». «Quantos pais dão casas, carros, dinheiro aos filhos? O problema é a minha mulher estar casada com um político», lamenta Júlio Sarmento.

O ex-edil revela ainda que para avançar com a dedução de oposição e a impugnação da decisão da AT caucionou dois apartamentos, «pelo que o valor pedido já está mais que pago».

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