Um grupo de pais de alunos do Centro Escolar da Sequeira está indignado com a direcção da escola devido a alterações que serão implementadas no próximo ano lectivo. Um dos principais motivos da contestação prende-se com a «troca de professoras» titulares.
Este ano as professoras do quadro da escola vão «pegar na titularidade da turma» e a professora que era titular no ano passado passa agora a dar apoio aos alunos. Tendo em conta que a faixa etária da nova docente titular se situa acima dos 60 anos, esta tem direito a uma diminuição de horário e a pedir baixa médica, caso seja doente de risco para a covid-19. Neste caso a professora fica ainda impedida de exercer as suas funções em teletrabalho, de acordo com declarações que o secretário de Estado adjunto e da Educação, João Costa, deu ao jornal Público, na passada quinta-feira.
Os pais – que pediram para não ser identificados – estão ainda preocupados com o facto de poderem surgir maiores dificuldades na recuperação de matérias em atraso, pelo facto de as aulas não serem dadas pela mesma docente que o fez durante o período de confinamento.
“Rita”, uma das mães que contactaram O INTERIOR, explica que foi feito «um pedido ao diretor para a professora [do ano passado] se manter, uma vez que ela estava com o grupo desde que eles começaram a escola». «Mais do que ninguém ela sabia como deixou [as crianças], o que é que cada um é capaz, e da maneira como há-de “pegar”» em cada aluno para não deixar conteúdos por consolidar, explica a guardense. Já “Nuno”, pai de uma criança de oito anos que frequenta o Centro Escolar, salienta que «o ano passado terminou – como a gente sabe – aos trambolhões. As matérias não ficaram bem lecionadas, os alunos não conseguiram assimilar. Agora este ano vamos começar outra vez aos trambolhões!».
O INTERIOR falou com David Gonçalves, director do Agrupamento de Escolas da Sé (onde se insere o Centro Escolar) que explicou que «os primeiros professores a ser colocados no agrupamento têm de ser os professores do quadro, independentemente da idade que têm. Foi isso que nós seguimos, foram essas regras. Cumprimos a lei». O responsável diz que a professora que leccionava no ano passado «pode assumir a titularidade» caso a docente titular não o possa fazer, ficando as aulas asseguradas. No que respeita à matéria não consolidada David Gonçalves diz ainda que está a ser feito «um plano de recuperação» que será elaborado com base em «dicas» do conselho de turma, pelo que nenhuma matéria ficará para trás.
«Informação é escassa»
A indignação dos pais não se cinge à questão das docentes. Os encarregados de educação dizem que a «informação é escassa» no que respeita às alterações implementadas no próximo ano lectivo em relação à covid-19 e alegam que as medidas já conhecidas são insuficientes. Durante a semana passada os pais afirmaram ter sido informados apenas da colocação de «doseadores de gel desinfectante à porta da escola» e dentro das salas, da sinalização de percursos e da alteração da hora de entrada na escola – que foi retardada – medidas que consideram insuficientes.
Sobre este assunto David Gonçalves diz que «cada escola fez o seu plano de contingência», mas só o plano geral do agrupamento de escolas foi enviado aos encarregados de educação esta segunda-feira, sabe O INTERIOR.
No que toca a medidas concretas Alberto Marques, sub-diretor do referido agrupamento, salienta que «este ano, a componente não lectiva dos professores foi atribuída, quase na totalidade, a acompanhamento de alunos». Isto significa que as crianças terão sempre vigilância, na chegada à escola, durante os intervalos e períodos de almoço. «Há gente suficiente para isso porque há um conjunto bastante alargado de docentes para fazerem essa orientação nos espaços até às salas», explica. O responsável diz que haverá desfasamento de horários de intervalo e almoço, que permitirão assegurar o distanciamento de alunos, mas que as horas exatas estão ainda por acertar. Isto significa que mesmo que o horário seja inicialmente definido às 10 horas para todas as turmas «depois na prática não será assim», e os alunos serão diferenciados por corredores.
Já os procedimentos a tomar em caso de suspeitas de contaminação por covid-19 serão os indicados pela tutela: isolamento do aluno, docente ou funcionário suspeito na sala destinada para o efeito. Em caso de confirmação de contágio a turma e possíveis contactos terão de cumprir quarentena. O fecho da escola só ocorre mediante decisão das Autoridades Regionais de Saúde.
As aulas no Centro Escolar da Sequeira terão início esta quinta-feira para a generalidade dos alunos. Hoje os alunos do primeiro ano deslocaram-se à escola para apresentações.