A “Cidade Natal”, na Guarda, é uma atividade que atrai muita gente ao centro histórico da cidade mais alta nesta altura do ano. Contudo, este ano a afluência tem sido menor devido à evolução da situação epidemiológica e os vendedores presentes no local têm sentido dificuldades na venda de produtos endógenos.
Do mesmo se queixa a Casa do Bom Café, um dos estabelecimentos comerciais mais antigos da cidade, ali ao lado. Sofia Lopes faz uma comparação com natais anteriores e garante que este ano «está melhor, mas não como em anos passados». A comerciante destaca que desta vez «há melhorias», mas o frio e o facto do espaço ter menos atrativos têm sido fatores para a redução dos visitantes à “Cidade Natal”: «As pessoas não têm capacidade de trazer as crianças e passar aqui uma tarde inteira porque toda a envolvência, na Praça Velha, é menos atrativa do que em anos anteriores, há menos coisas, como é suposto», justifica.
Os comerciantes queixam-se também da pandemia, que afeta «e muito» o negócio. «Não digo que seja geral, mas a Covid-19 mexeu negativamente na parte económica», afiança Sofia Lopes, acrescentando que «se veem menos turistas do que em anos anteriores, quando havia muito mais famílias espanholas a ver a Sé e a “Cidade Natal”». O evento conta este ano com algumas barraquinhas onde se vendem licores, bolos e produtos da região, mas o negócio tem sofrido algumas quebras.
Carlos Campos, que está na barraquinha “Sabor Caseiro”, destaca sobretudo os fins de semana. «As coisas têm corrido bem, dentro dos possíveis. Foi uma boa ideia, que dá mais movimento à cidade e tem havido muita gente de fora, mas a pandemia não permite grandes eventos», lamenta o expositor, que já serviu «muita gente de Espanha, Góis, Torres Vedras, Covilhã e Celorico da Beira, entre outros».
José Silva é outro vendedor presente na Praça Velha com os seus licores e refere que, tendo em conta «a situação atípica» que vivemos, «tem havido gente, em números inferiores a outros anos, mas mesmo assim há gente a vir ver a “Cidade Natal”». O expositor destaca a presença de muitos espanhóis, que nem o frio ou a Covid-19 afastaram, embora note «mais receio» por parte das pessoas.
Susana Birra está na barraquinha “Quinta da Feteira” e veio da Vela, freguesia do concelho da Guarda, e confirma que o negócio «está a correr bem, mas podia correr melhor porque a Covid faz com que não haja tanta gente». No entanto, destaca o facto de haver «muitas crianças» na “Cidade Natal” por causa do carrossel e do comboio.
«As vendas é que estão mais complicadas porque as pessoas têm receio», constata, adiantando que se sente a falta de turistas. «Somos sempre muito visitados por espanhóis e tenho notado muito menos afluência, mas não como antes da pandemia, que nos veio tramar», afirma. Já Miguel Fonseca é outro “inquilino” das “barraquinhas” de Natal montadas na Praça Velha e vai vendendo os seus licores artesanais e a ginjinha: «A afluência das pessoas tem estado fraca. A pandemia, a falta de dinheiro, o frio e a falta de animação não têm ajudado», refere, revelando que é a primeira vez que participa neste evento.
A “Cidade Natal” está patente até sábado, dia de Natal.
Emanuel Brasil