Sociedade

Feira Farta voltou a representar o que se produz no concelho da Guarda

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Escrito por Sofia Pereira

Produtores querem que certame se realize mais vezes por ano e há até quem cultive a pensar apenas nesta feira

A riqueza do Vale do Mondego e das demais freguesias do concelho da Guarda esteve exposta no largo do mercado municipal, no último fim de semana, na oitava edição da Feira Farta.
Os produtos agrícolas endógenos, a doçaria, o pão, os enchidos, azeites, licores e vinhos, bem como o artesanato e outras iguarias gastronómicas do município encheram as dezenas de bancas montadas para o certame organizado pelo município da Guarda. De Fernão Joanes vieram para a cidade mais alta «filhoses, bola de carne, bola de azeite, pão centeio, queijo de ovelha, queijo de cabra, arroz doce, mel» e muitos outros produtos locais. Ricardo Sousa, produtor local, considera que marcar presença na Feira Farta «vale sempre a pena» porque é uma forma do «produtor mostrar o que faz».
Os produtos frescos são dos mais variados. Da Benespera João Quelhas trouxe diversas variedades de maçãs para apresentar aos consumidores: «Maçã bravo-de-esmolfe, golden, starking e reineta», mostra, adiantando que durante o ano vende cerca de «200 quilos de fruta», pelo que o evento é «um bom sítio para fazer clientes».
Da Faia os produtores trouxeram «uvas, maçãs, nabiças, azeitonas, abóboras, azeite, cebola, feijão seco, filhoses» e muito mais, explica Adelaide Viegas, para quem já que os «agricultores cultivam», também têm de «vender alguma coisa». Maria de Lurdes, de Pêra do Moço, acrescenta que os produtores «recebem pouco dinheiro para estar nestas feiras, mas não deviam receber nada» porque participar na Feira Farta já é, «só por si, uma ajuda ao agricultor». Para além da Cestaria, de Gonçalo veio também a produtora de fruta Ilda Birra. Para esta gonçalense, participar no certame é uma «mais-valia», mas lamenta que «passe depressa», pelo que «devia haver mais fins-de-semana de Feira Farta, principalmente aos domingos». Este é, provavelmente, o pedido que mais se ouve comentar entre os produtores – o regresso da Feira Farta ao largo mercado municipal mais vezes por ano.
As gentes da freguesia do Marmeleiro trouxeram para a Guarda «pão feito no forno a lenha» acompanhado, como não podia deixar de ser, de «marmelada, marmelada e queijo, chouriça». Paulo Teixeira faz questão de dizer que também não foram esquecidas as «talaças feitas com marmelada» e ainda outros produtos da terra, como os «pimentos, tomates, abóbora e a ginjinha». Para além da parte comercial, este produtor do Marmeleiro nota que a Feira Farta permite a «confraternização entre pessoas da mesma terra ou de freguesias vizinhas». Já de Maçainhas veio José Silva com o seu «“ex-libris”», a Ginjinha do Zé. «O segredo é ser muito boa, conhecida e procurada», apregoa, e sendo assim até é uma «responsabilidade trazer esta ginjinha da reta do Gulifar». Brincadeira à parte, na sua opinião, a Feira Farta é uma «mais-valia» para os pequenos produtores das diversas freguesias porque ali podem «escoar o produto e manter contacto com os restantes produtores locais».
Em Videmonte os fornos a lenha estiveram acesos para «preparar pão de centeio que ainda tem farinha de centeio da Serra da Estrela», mas na banca ainda houve espaço para «biscoitos com ovos caseiros, azeite do produtor, folar, bolas de carne» e muitas outras iguarias. «Espero que a Feira Farta se mantenha porque proporciona o encontro de muita gente que não se vê há muito tempo», afirma a videmontense Céu Mendes. Do Sobral da Serra participaram as produtoras Esmeralda Ferreira e Olinda Antunes. Contam a O INTERIOR que marca presença, juntas, desde a primeira edição e normalmente trazem «pêssegos, figos, biscoitos, cebolas, feijão frade, feijão verde e seco, flores, alforges» e muito mais. Olinda Antunes garante mesmo que «se não fosse esta feira eu já não tratava a minha terra». Na manhã de sábado, a produtora ainda ponderou «não vir à Guarda», mas rapidamente mudou de opinião: «Se comecei a Feira Farta, tenho de a acabar», sentencia.
Durante todo o fim-de-semana, mais de 400 produtores das 43 freguesias do concelho promoveram e comercializaram 1.000 produtos endógenos. Igualmente muito procurada, a zona da gastronomia foi assegurada, como habitualmente, pelas associações/bairros da cidade, que oferecem na ementa pratos com especialidades da região, com destaque para a carne de vaca jarmelista.

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Sofia Pereira

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