Sociedade

Encerrou a última fábrica na “aldeia dos têxteis”

Empresa
Escrito por Carlos Gomes

Sediada nos Trinta (Guarda), empresa Têxteis Evaristo Sampaio estava há quase uma década em Plano Especial de Recuperação e anunciou despedimento coletivo de 30 trabalhadores

Uma das poucas fábricas têxteis que restam no concelho da Guarda e a última da localidade dos Trinta anunciou o despedimento coletivo dos pouco mais de 30 trabalhadores na sequência de um processo de insolvência pedido pelos credores.
A Têxteis Evaristo Sampaio, fundada em 1940, estava há quase uma década em Plano Especial de Recuperação (PER). Com «muita tristeza e alguma surpresa», foi assim que o presidente da Junta da União de Freguesias de Corujeira/Trinta recebeu a notícia do encerramento da última fábrica têxtil que ainda estava a laborar na localidade. Carlos Fonseca desabafa que «ao longo dos últimos anos fomos tendo notícias deste tipo» com o encerramento de outras fábricas da freguesia. O autarca sublinha que, «pelo menos, há dois ou três anos que vínhamos sendo confrontados com esta possibilidade de encerramento, mas a situação foi-se mantendo».
Carlos Fonseca salienta que neste momento «há 30 pessoas que veem o futuro sombrio, a informação que tenho é que irão para o desemprego e depois se verá». O presidente da Junta de Freguesia ainda acredita que «há uma luz ao fundo do túnel porque, que eu saiba, não foi nada vendido». Carlos Fonseca considera que, com fábricas abertas ou fechadas, a localidade continuará a ser conhecida com a «aldeia dos têxteis porque o nome foi conquistado ao longo de muitas décadas». Os funcionários, maioritariamente mulheres, terão apenas o ordenado de agosto por receber.
Fundada em 1940, a “Evaristo Sampaio” dedicava-se à produção de têxteis, transformação de lãs, fibras, fios e produção de mantas e cobertores, sendo uma das poucas unidades têxteis que ainda operavam no concelho da Guarda e que foi resistindo à crise do setor na freguesia dos Trinta. Recorde-se que em 2008, cerca de 100 trabalhadores de duas das quatro fábricas a laborar na localidade (Efilã e Jopilã) pediram a suspensão dos contratos de trabalho, numa altura em que contabilizavam dois meses de ordenados em atraso. Estas fábricas acabaram por fechar, sobrando apenas a Têxteis Evaristo Sampaio e a Serralã, que veio também a fechar as portas. Em conjunto chegaram a empregar cerca de 200 trabalhadores.

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Carlos Gomes

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1 comentário

  • Lindos eram os cobertores. Tenho alguns. Como é possível estarmos a perder tradição em troca de modernismo. Mais uma tristeza.