Os fins de semana nas urgências do Hospital Sousa Martins continuam a preocupar os guardenses e quem vive na região. A partir das 8 horas da manhã de sexta-feira até às 8 horas da segunda-feira seguinte, os constrangimentos são aqueles que existem desde outubro.
Ou seja, aos fins de semana, na área de Cirurgia, não há «escala de anestesia, o que implica não haver bloco operatório e atividade cirúrgica quer seja geral, Ortopedia ou Ginecologia Obstetrícia», adianta Fátima Cabral, diretora clínica da Unidade Local de Saúde (ULS) da Guarda ao jornal O INTERIOR. Para agora «é o que está previsto», mas atendendo à atual situação política em Portugal, a responsável admite que «poderá haver alterações, mesmo a nível de indicação por parte dos sindicatos ou até do Ministério». Assim sendo, Fátima Cabral diz que não sabe o que vai acontecer em breve, pelo que «vamos ter de esperar e ver como os médicos vão, ou não, reverter a situação».
Entretanto, na sequência da recusa dos médicos em fazer mais horas extra do que as 150 estipuladas por lei, fica implícito que estes mesmos profissionais não podem fazer cirurgias adicionais – que são pagas à parte. O presidente do Conselho de Administração da ULS, João Barranca, numa rápida declaração a O INTERIOR, explicou que «as cirurgias adicionais são feitas no horário extraordinário», pelo que, se os médicos se recusam a fazer horas extra, «então é lógico que não poderão realizar as tais cirurgias adicionais».
Crise na saúde afeta corporações de bombeiros
Os constrangimentos das Urgências do Hospital da Guarda têm afetado o serviço dos bombeiros que transportam doentes urgentes e não urgentes, na medida em que «a partir do momento em que as urgências fecham, não se conhecem os procedimentos ou o planeamento para o envio de doentes muito urgentes ou com patologias que depois têm de ser levados para outros hospitais, como Coimbra ou Viseu», confirma o presidente da Federação de Bombeiros do Distrito da Guarda.
Paulo Amaral enumera três implicações que o fecho das Urgências provoca aos bombeiros: «O tempo de viagem, que é o dobro ou o triplo; os custos de combustível e os custos pessoais, porque os doentes têm de ser levados até às unidades hospitalares disponíveis», refere. O dirigente lembra que estes problemas podem «entupir os hospitais», enquanto as próprias associações de bombeiros «deixam de ter disponíveis as viaturas e respetivos equipamentos». Por fim, o presidente da Federação de Bombeiros do Distrito da Guarda agradece «a Deus» por as coisas terem «corrido pelo melhor até agora e não ter havido ainda nenhum utente a falecer numa ambulância», uma séria preocupação dos bombeiros que (exceto em caso de urgência) se podem recusar a transportar doentes de hospital em hospital, o que é «muito constrangedor», sublinha Paulo Amaral.
Sofia Pereira