As tecnologias de informação têm um papel fundamental para atenuar as assimetrias entre o litoral e o interior no que diz respeito ao acesso à cultura. Claro que os eventos culturais continuam a ter uma predominância maior em Lisboa e no Porto, contudo, a internet garantiu um acesso mais homogéneo a diversas formas de cultura. As indústrias da música e do cinema são exemplos paradigmáticos deste fenómeno, muito graças às plataformas de streaming. Do mesmo modo, outras formas de entretenimento outrora conotadas em exclusivo ao offline ganham hoje aceitação no online.
Do espaço físico para o digital
O consumo de cultura já não está dependente da localização. Hodiernamente, é possível ter acesso a um sem número de produtos culturais, como músicas, filmes, livros, eventos desportivos ou videojogos, independentemente da zona do país. Não existe ainda uma tecnologia que faça o mesmo no que concerne a espetáculos ao vivo, como peças de teatro, concertos ou festivais, ainda que a recente aposta das gigantes tecnológicas no metaverso possa acelerar o processo rumo a uma fusão quase impercetível entre o real e o virtual.
O consumo cultural faz-se através de plataformas. O contacto com a música, por exemplo, acontece em plataformas de streaming, como o Spotify ou o Apple Music, ao mesmo tempo que as novas gerações já não sabem o que são discos ou cassetes. Os jovens subscrevem canais desportivos online e comentam as incidências das partidas em apps como o Discord, WhatsApp ou Telegram. Ademais, apostam nas suas equipas favoritas em diversas plataformas de apostas desportivas e iGaming, que oferecem odds e grande quantidade de informação relacionada com eventos desportivos por todo o mundo.
As diferentes funcionalidades destas plataformas vão dando maior entusiasmo àquilo que outrora era mais do que interessante para qualquer jovem. Os sites de apostas online são um excelente exemplo da fusão entre tipos de cultura convergidos no espaço digital, já que incorporam desporto, entretenimento e cultura popular num só produto.
A divulgação também acontece online
Se o consumo de cultura se faz cada vez mais de forma remota, individualizada e digital, a divulgação da cultura tem migrado com naturalidade para os canais onde as pessoas despendem o seu tempo: as redes sociais. Esta aposta na promoção de marcas, produtos e serviços no espaço online reflete-se em alterações de comportamentos visíveis no nosso quotidiano, como o célere incremento das compras online em Portugal ou a forma prática como recebemos faturas digitais, tratamos de assuntos fiscais ou marcamos consultas médicas apenas com um ecrã.
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Na Covilhã, podemos encontrar a CISMA – Associação Cultural, que orgulhosamente se descreve como “nascida e criada na Beira Interior”. A associação é composta por jovens covilhanenses e visa impulsionar a comunidade artística na Cidade Neve, através de concertos, ciclos de cinema, lançamentos de livros e organização de outros eventos de cariz cultural e artístico. A comunicação e promoção destas iniciativas acontece maioritariamente online, através das redes sociais e da atualização do site. Esta estratégia faz todo o sentido, se atendermos ao público-alvo da associação e ao facto de mais de 2 mil pessoas seguirem estes canais da CISMA.
Os canais digitais assumem-se como uma ferramenta essencial para a promoção da cultura junto dos jovens, principalmente quando falamos do interior do país. O online oferece potencialidades incríveis para a criação de comunidades e partilha de conteúdos ou produtos culturais, permitindo que esta informação possa ser disseminada de perfil em perfil sem qualquer investimento em divulgação. A forma como hoje se consome cultura não é reversível e, por isso, fazer um bom serviço na promoção cultural inclui sempre a utilização do digital.