Sociedade

Centenas de professores protestaram na Guarda

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Escrito por Efigénia Marques

Até ao final da década, prevê-se que 45 mil docentes saiam da profissão

«Ministro! Escuta! A Guarda está em luta!». Esta foi uma das frases que se ouviu repetidamente naquela que terá sido a maior manifestação de professores no distrito da Guarda. Na última sexta-feira, mais de 300 docentes participaram numa marcha e protestaram em frente à Câmara da Guarda.
Na ação, Mário Nogueira, secretário-geral da Federação Nacional dos Professores (FENPROF), deu ânimo ao protesto ao afirmar que «a greve no distrito da Guarda está entre os 95 e 97 por cento». O dirigente sublinhou que «a questão é o problema da profissão» e pediu ao Governo que «olhem para a nossa profissão e vejam que vamos deixar de ter professores qualificados em quantidade para responder às necessidades das escolas». Mário Nogueira adiantou também alguns números a nível nacional: «No ano passado houve 2.401 professores a aposentar-se e entraram em formação académica menos de 1.200. Este ano, só em janeiro e fevereiro, vão aposentar-se 500 professores», referiu o sindicalista, acrescentando que as previsões apontam que, «até ao final da década, vão sair da profissão 45 mil professores».
Já Sofia Monteiro, dirigente do Sindicato dos Professores da Região Centro (SPRC), revelou os números da adesão à greve da passada sexta-feira. «Há muita escola encerrada no distrito. Secundária da Sé: 90 por cento de adesão; EB23 São Miguel e Carolina Beatriz Ângelo: encerradas; Agrupamento de Escolas de Manteigas: adesão de 99 por cento, assim como Almeida; Agrupamento de Escolas do Sabugal e de Figueira de Castelo Rodrigo: encerrados; Vila Nova de Foz Côa: 90 por cento de adesão; EB1 Bairro da Luz, Bairro do Pinheiro, Barracão e Estação: encerrados», foi adiantando, num balanço muito aplaudido pelos manifestantes.
Pelo Largo do Município, onde terminou a marcha vinda da central de camionagem, a opinião dos docentes foi unânime: «Acabámos de assistir à maior manifestação de professores do distrito», disse um deles. Por outro lado, a união dos movimentos sindicais foi destacada também quando uma professora afirmou a O INTERIOR sentir «uma grande alegria pelos sindicatos se unirem nesta luta». Outro docente referiu que «o Ministro da Educação governou sempre contra os professores. Agora que saímos à rua tem as escolas incendiadas num grito de revolta que não tem precedentes» e também ele sublinhou «nunca» ter visto «nada igual, há milhares de professores na rua». Também as conquistas de Abril foram evocadas, principalmente «a escola inclusiva, universal e tendencialmente gratuita, que não devem ser deitadas abaixo».

Greve no Agrupamento Afonso de Albuquerque

Já esta terça-feira foi a vez dos professores do Agrupamento de Escolas Afonso de Albuquerque, na Guarda, fazerem greve. Os protestos decorreram durante a manhã, mas as aulas do 1º e 2º ciclos mantiveram a atividade normal, enquanto que na Secundária Afonso de Albuquerque as aulas foram suspensas e a escola foi fechada.
No dia da manifestação dos professores do distrito da Guarda, na sexta-feira, a Afonso de Albuquerque cumpria o período de férias entre semestres. As aulas foram retomadas na segunda-feira e no dia seguinte os docentes surpreenderam alunos e pais com o protesto. Segundo declarou o diretor do Agrupamento a O INTERIOR, José Carvalho, «pelas 11h30 a escola contactou o município para garantir transporte aos alunos, uma vez que não havia como servir refeições».

 

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