Sociedade

Câmara da Guarda recua no Centro de Exposições Transfronteiriço

Escrito por Sofia Craveiro

Carlos Chaves Monteiro assumiu dúvidas sobre o procedimento e já não exclui a realização de um concurso público para a construção do equipamento no Rio Diz ou mesmo a desistência do fundo de investimento.

A Câmara Municipal da Guarda deu um passo atrás na construção do Centro de Exposições Transfronteiriço (CET) na zona do Rio Diz. O projeto deveria ter sido apresentado na reunião quinzenal do executivo da última segunda-feira, mas à última da hora o presidente retirou-o da ordem de trabalhos e voltou a adiar o assunto sine die.

No final da sessão, Carlos Chaves Monteiro assumiu ter cada vez mais dúvidas sobre o procedimento a adotar e já não exclui a realização de um concurso público ou mesmo que seja o tribunal a decidir a posse do terreno. «Se a decisão não for política que seja judicial», disse aos jornalistas. O autarca considera agora que é preciso «aperfeiçoar» a proposta e acrescentar «mais aspetos» para a sua fundamentação. «Quando tivermos todos os elementos que consideramos necessários avançaremos», afirmou o presidente do município, sublinhando que a proposta do fundo de investimento deve estar «melhor instruída» para o processo ser finalizado. No entanto, o principal problema continua a ser o facto do terreno ainda não estar em nome da Câmara e decorrer uma ação de arresto dos bens da Sociedade Têxtil Manuel Rodrigues Tavares no Tribunal da Guarda.

«O processo judicial tem-nos criado um impasse e se a Câmara não decidir entretanto pode ser o tribunal a determinar o arresto do terreno da antiga fábrica têxtil a favor do município, não sei é quando será», adiantou Carlos Chaves Monteiro. Mas se isso acontecer também se perspetiva uma batalha judicial, pois a Sociedade Têxtil Manuel Rodrigues Tavares irá «defender os seus interesses, exigindo nomeadamente indeminizações e a salvaguarda dos seus direitos», assume o edil guardense, que já não exclui que o fundo de investimento interessado em construir o CET possa desistir do projeto tendo em conta a demora em resolver o assunto. «Ninguém faz investimento num terreno alheio», disse, reiterando a intenção de cumprir uma promessa eleitoral e de resolver «um problema» com 19 anos.

De resto, «a Câmara tem sempre alternativas, até porque já pensamos neste projeto há muito tempo e temos que defender os interesses dos munícipes», garantiu o presidente do município.

Em fevereiro último, a Greenfield, a Câmara e a Têxtil Manuel Rodrigues Tavares chegaram a acordo para a construção do CET nos terrenos da antiga fábrica. Conforme noticiou O INTERIOR, o fundo de investimento faria a obra depois de pagar 2 milhões de euros ao município e cerca de 950 mil euros à empresa, incluído uma parcela de terreno que estava omissa no acordo celebrado com a autarquia em 2001.

A construção do equipamento com 10 mil metros quadrados, bem como a requalificação de toda a área envolvente, está orçada em 19 milhões de euros, totalmente suportados pelos investidores privados, que, em contrapartida, celebrarão com o município um contrato promessa de arrendamento para fins não habitacionais que implicará o pagamento de uma renda mensal «de valor fixo» durante 20 a 25 anos aos promotores, que será da ordem dos 800 mil anos por ano.

Estava igualmente acordado que, findo o prazo de arrendamento, o imóvel, que também vai acolher o futuro Centro Tecnológico Fernando Carvalho Rodrigues, reverterá para o município por um valor que não poderá ultrapassar os 25 mil euros.

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Sofia Craveiro

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