Os transportes públicos da Guarda não satisfazem as necessidades dos utentes, esta é a opinião generalizada de quem utiliza o autocarro diariamente para se deslocar dentro da área urbana da cidade.
As queixas são constantes, principalmente dos habitantes dos bairros periféricos e dos estudantes, nomeadamente da Escola Secundária Afonso de Albuquerque. É que os autocarros realizam a última paragem junto à maior escola do distrito antes de terminar o último tempo letivo. São os próprios alunos que têm que solicitar aos professores a saída antecipada das aulas para não ficarem sem transporte público no regresso a casa. Estudantes e encarregados de educação já fizeram chegar esta preocupação à Associação de Pais do Agrupamento de Escolas Afonso de Albuquerque e o assunto vai ser debatido em reunião do Conselho Geral – onde está representada a autarquia – agendado para esta quarta-feira. A O INTERIOR, Joaquim Nércio, presidente da Associação, confirma que o «problema já é antigo e os horários dos autocarros não estão ajustados às necessidades dos estudantes para o regresso a casa. São os próprios professores que agilizam procedimentos para que os alunos que precisam de transporte público possam sair mais cedo, cerca de 10 minutos antes do final da aula».
O representante dos pais considera que se trata de «uma situação incompreensível porque os alunos são obrigados a verem os tempos letivos reduzidos ao final do dia porque os horários dos autocarros não estão ajustados à realidade». O responsável sublinha ainda que «é a população estudantil que, na maior parte do ano, “alimenta” a rede de transportes públicos da cidade e que, incompreensivelmente, acaba por não ser bem servida». Por isso, Joaquim Nércio espera que a situação fique resolvida a curto prazo e o assunto vai ser debatido no Conselho Geral do Agrupamento esta quarta-feira. O que não acontecerá brevemente, isto porque até à conclusão do concurso público de concessão dos transportes públicos urbanos da Guarda e de forma temporária, a rede está a ser assegurada pela operadora Viúva Monteiro e Irmão, Lda.
Confrontado por O INTERIOR, Sérgio Costa, presidente da Câmara, não quis prestar declarações por não ter ainda «conhecimento oficial» da situação. «Logo que tenha informação dessas queixas procurarei encontrar uma solução para o problema», disse. A Câmara Municipal prevê que o processo fique concluído até ao final do ano, depois do Tribunal Central Administrativo do Norte não ter dado provimento ao recurso interposto pela autarquia relativamente ao procedimento para a respetiva concessão, no seguimento também, de uma decisão do Tribunal Administrativo e Fiscal de Viseu. Recorde-se que este tribunal decidiu pela caducidade da adjudicação feita à empresa TRN, primeira classificada do concurso público internacional lançado pelo município no ano passado, e obrigou a autarquia a adjudicar o serviço à concorrente classificada em segundo lugar, a Encosta Tour.
O tribunal considerou que a sociedade constituída pela TRN para assumir a concessão e assinar o respetivo contrato com o município não preencheu os requisitos impostos pelo caderno de encargos do procedimento concursal. Na altura, a TRN tinha vencido com uma proposta de mais de 1,1 milhões de euros, enquanto a Encosta Tour tinha concorrido com um preço base superior a 1,3 milhões de euros. A Câmara não concordou com a decisão e recorreu para a instância superior, mas voltou a perder, tendo sido mantida a decisão da primeira instância.
Alunos da Guarda obrigados a sair mais cedo das aulas para não perderem último autocarro
Professores da Secundária Afonso de Albuquerque têm facilitado a saída antecipada para estudantes não ficarem sem transporte público no regresso a casa