Especial 823 Anos da Cidade - Guarda Sociedade

A Guarda vista por quem não é de cá

Escrito por Efigénia Marques

Anislaine Santos – Brasil

Anislaine Santos

É uma cidade bonita, como eu imaginei. Imaginei que ia ter muito frio e, por isso, condiz com o que pensava. Achei interessante a hospitalidade do alojamento onde estou. O dono recebeu-me muito bem, não só ele, mas toda a família e gostei muito disso, fiquei surpreendida.
A gastronomia é diferente. Aqui sinto falta do feijão do Brasil. Geralmente os pratos não vêm com feijão ou então há um prato em que o alimento principal é o feijão. Não há, por exemplo, feijão e arroz e eu estava muito acostumada a isso na minha região. Mas a comida tem muita coisa saborosa, ainda hoje comi uns salgadinhos de bacalhau – não sei o nome –, mas gostei bastante. Aqui na cidade, já fui à Torre de Menagem e gostei muito de conseguir ver toda a cidade. É um ponto alto da Guarda e foi o que mais me marcou. Também gostei muito do museu. E falta-me ir à Sé Catedral…

 

Adeznay Santiago – Cabo Verde

Adezney Santiago

A Guarda tem muitos rios, a paisagem é ótima e maravilhosa. Eu gosto muito da Guarda por causa da forma como passo o tempo a andar, sem apanhar muitos autocarros ou comboios. Não gosto de cidades grandes, como, por exemplo, Lisboa, por causa do movimento e da forma como temos que nos deslocar. A Guarda é uma cidade que dá para fazer de tudo ao mesmo tempo.
Quanto à eventualmente viver por cá, eu pretendia, mas por causa das condições necessárias não vou ficar. No futuro, quando conseguir ter mais condições, vou pensar em ficar aqui.

 

Alícia Loiola – Cabo Verde

Alícia Loiola

Como estudante internacional e depois de estar há três anos na Guarda, posso dizer que é uma cidade de fácil adaptação. Por ser mais pequena é mais fácil conhecer todos os lugares e chegar a todos os pontos.
A parte mais difícil na adaptação foi o clima por ser bem mais frio que no meu país, Cabo Verde. Também foi um pouco difícil acostumar-me ao ritmo de vida mais sossegado, mas sou estudante e considero que essa é uma característica positiva da cidade.

 

Bushrah Hussein – Somalilândia

Bushrah Hussein

 

Vim para a Guarda estudar no Instituto Politécnico como estudante Erasmus da Turquia. Fui estudante internacional naquele país, onde tive uma ideia de como é difícil ajustar-me a novos ambientes e estar longe de casa. Mas vir para Portugal foi diferente porque só tenho alguns meses para me adaptar e abraçar a cultura daqui. À minha chegada à Guarda o meu senhorio veio buscar-me à paragem do autocarro. Fiquei surpreendida com sua gentileza e disponibilidade para ajudar um estranho. Esta foi uma mudança revigorante de ritmo porque vivemos num mundo agitado e, às vezes, esquecemo-nos de estender a mão uns aos outros. Mas não na Guarda, aqui as pessoas são gentis e amigáveis. Esta não foi a única vez que alguém foi gentil comigo. Um dia esqueci a minha carteira e só percebi quando ia pagar um café, mas o funcionário sugeriu que pagasse mais tarde. No entanto, um dos professores ouviu-nos e pagou o meu café. Agradeci a generosidade do professor e a confiança do funcionário e naquele momento senti-me em casa.
Em termos de comida, devido à minha restrição alimentar, não pude experimentar muitos cozinhados locais, mas nos primeiros três dias após a minha chegada à Guarda só comi pastel de nata. Eu e os outros estudantes Erasmus conseguimos criar uma comunidade na Guarda, que é uma combinação de todas as nossas diferentes origens e da nossa cidade anfitriã, que é uma cidade aberta e acolhedora.

 

António das Neves Cardoso – São Tomé e Príncipe

António Das Neves Cardoso

A Guarda é uma cidade sobretudo para os estudantes. Digo isto pelo custo da alimentação e o valor das casas, que são mais baratas, por exemplo. Por vezes sinto que existe algum preconceito – há alunos dos PALOP que quando terminam os estudos voltam para Lisboa porque não encontram trabalho na sua área… Mas tenho percebido que até os estudantes naturais da Guarda têm dificuldade em arranjar trabalho. Desde que aqui cheguei nunca ouvi dizer que um negro fez algo de errado. Mas parece-me que só nos colocam a trabalhar em panificadoras e restauração apesar de existirem muitas mais oportunidades na cidade. A Guarda é uma cidade muito calma, é para quem quer verdadeiramente estudar. Tem beleza e uma tranquilidade únicas. A cidade é especial e as pessoas são acolhedoras (claro que nem todas… mas como costumo dizer: atraímos coisas boas quando somos verdadeiramente uma pessoa positiva).

Patrício Lopes – São Tomé e Príncipe

Patrício Lopes

Quando cheguei à Guarda havia um clima diferente do meu país… aqui é frio. Mas na Guarda o preço da casa é baratinho, por isso ao clima, a pessoa adapta-se! Já não consigo sair da Guarda. Na cidade é tudo muito bonito; inspira as pessoas e puxa turistas. Eu não trocaria a Guarda por nenhuma cidade. O que mais gostei foi a Sé e as igrejas… são maravilhosas. Até os meus amigos e familiares queriam conhecer a cidade.
Não trocaria a Guarda por local nenhum e creio que, quando terminar o curso, quero encontrar um trabalho aqui e ficar nesta cidade. Estou mesmo apaixonado pela Guarda – foi como uma segunda mãe para mim: acolheu-me.

Sobre o autor

Efigénia Marques

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