Joaquim Caetano é agora nome de uma avenida em Vila Franca das Naves. A homenagem a um importante benemérito da corporação local de bombeiros e das instituições sociais da vila do concelho de Trancoso foi o momento alto das comemorações dos 26 anos da Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários, no último domingo.
Joaquim Caetano deixou a terra natal aos 27 anos após cumprir o serviço militar para se radicar em Guimarães, onde é um empresário de sucesso, mas nunca esqueceu as suas origens e tem ajudado a corporação, a igreja e o centro de dia com a oferta de viaturas e donativos. A sua disponibilidade e altruísmo foi amplamente elogiada, a começar pelo comandante António Santos, para quem o benemérito é um «grande senhor e amigo, um ser humano com um amor inexplicável à sua terra natal, um vilafranquense. Nós, bombeiros, sentimo-nos muito gratos por termos a sua amizade e também a sua generosidade», disse na sessão solene. Um reconhecimento partilhado por Jorge Tavares, presidente da direção da Associação Humanitária: «Disse sim porque acredita em nós e nos ajudou com a oferta de uma ambulância, hoje dizemos nós sim a um vilafranquense que fala da nossa terra com emoção, que não a esquece nem quer esquecer», agradeceu.
Já Amílcar Salvador, presidente da Câmara de Trancoso, citou o Papa Francisco para evocar a generosidade do empresário. «A vida é boa quando estamos felizes, mas a vida é muito melhor quando os outros estão felizes por nossa causa», disse, considerando que a homenagem prestada pela autarquia e pela União de Freguesias de Vila Franca das Naves e Feital é «simples, mas justa e merecida. Continue assim, que Deus lhe dê muita saúde para continuar a servir os outros». Visivelmente emocionado, Joaquim Caetano agradeceu a homenagem e admitiu que podia ter feito mais pela terra natal. «Estou eternamente grato por ver o meu nome ligado a uma avenida de Vila Franca das Naves, a minha terra… Interrogo-me se mereço, para muitos sim, para outros nem tanto, a bem da minha terra fiz pouco, podia ter feito mais, começando nos bombeiros, passando pela igreja e terminando no centro de dia. Fiz pouco, mas esse pouco peço a alguns mal informados que não o tentem ocultar», declarou.
O empresário recordou depois o seu percurso profissional, que espera ver seguido pelos jovens da terra, «não para o copiarem, mas para o melhorarem». Radicado em Guimarães desde os 27 anos, começou por trabalhar numa fábrica têxtil e oito anos depois fundou a sua própria empresa, a que juntou outras de construção civil, turismo e agropecuária. «Hoje temos 150 trabalhadores diretos e talvez mais de mil indiretos em Portugal e no estrangeiro», disse. A Avenida Joaquim Caetano situa-se em frente ao quartel dos voluntários vilafranquenses, no acesso ao IP2.
Corporação quer posto do INEM e terceira EIP
A Associação Humanitária de Bombeiros de Vila Franca das Naves reclama a criação de um Posto de Emergência Médica e de uma terceira Equipa de Intervenção Permanente (EIP).
A primeira pretensão deve-se à «centralidade geográfica» da corporação, o que tem aumentado «as exigências operacionais diárias, principalmente na vertente do pré-hospitalar e acidentes de viação, tanto na nossa área de atuação, como nos concelhos vizinhos. Muitas destas intervenções são realizadas por elementos voluntários, pelo que é urgente que este corpo de bombeiros seja dotado de uma ambulância do INEM para melhorar substancialmente a nossa resposta com profissionais 24 horas por dia», justificou o comandante. Quanto à EIP, António Santos afirmou que permitiria «garantir 75 por cento dos dias da semana com elementos profissionais em permanência», o que resolveria o problema de «estarmos muito dependentes da disponibilidade dos nossos voluntários».
Outra pretensão é o quartel vir a ser um centro de formação de bombeiros e proteção civil «para servir o distrito». Desejos partilhados por Jorge Tavares, presidente da Associação Humanitária vilafranquense, fundada em setembro de 1966 por 32 sócios, «impulsionados pela dinâmica e audácia do saudoso Miguel Madeira», recordou. «Hoje, a nossa instituição sofre daquilo a que se chama de dores de crescimento: começámos com um bombeiro profissional, hoje temos 16; começámos a lidar com a rotatividade de bombeiros, o voluntariado está cada vez mais enfraquecido, pelo que urge ao poder político adotar medidas concretas para que os jovens acreditem que vale a pena ser-se voluntário», reclamou o responsável.
Presente na cerimónia, António Fonseca, comandante operacional distrital (CODIS) da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, agradeceu o empenho dos voluntários no dispositivo de combate a incêndios, que terminou no sábado. A propósito do grande incêndio na Serra da Estrela, afirmou que foi «graças ao empenho dos voluntários, e de outras entidades, que locais icónicos da serra permaneceram intactos, como o Poço do Inferno, a Lagoa Comprida, toda a zona do Vale Glaciar, o Vale do Rossim e a pousada de São Lourenço».
