A seca que está a afetar todo o país já está a ter consequências na região, com vários produtores e criadores de gado da Serra da Estrela a admitirem vender os animais devido à falta de alimento.
O alerta é de Luís Tadeu, presidente da Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela (CIMBSE), segundo o qual a seca está a «afetar a atividade agropecuária» e os produtores estão a passar por «uma fase complicada» com o aumento do preço das rações e a falta de pastos. «A falta de água está a fazer desaparecer os pastos e a geada queima os terrenos e leva a que os agricultores tenham de se socorrer de outras fontes de alimentação para o gado, como o feno, que está a ser importado de Espanha. E a informação de que disponho é que o país vizinho está a começar a cortar e a dificultar a saída de alimentos e de rações», disse o também autarca de Gouveia.
Alguns criadores de ovelhas e cabras estão já a proceder à venda dos animais por não terem condições para fazer face a este aumento de custos de produção. «A situação está a ser gravosa não só por aquilo que estamos a passar agora, mas também pelo que se avizinha, já que se prevê que o mês de fevereiro vá continuar seco», lamenta Luís Tadeu. Também a agricultura sofre do mesmo problema, pois necessita de água «para determinadas produções e neste momento está escassa». O presidente da CIMBSE garante que estas preocupações serão transmitidas ao Governo, tanto mais que a produção de queijo Serra da Estrela está igualmente a ser afetada. «Não havendo alimentação, a própria produção de leite perde qualidade e diminui e isto repercute-se na produção e qualidade do queijo da Serra, o que põe em causa um setor muito importante para os nossos territórios», sublinha o dirigente.
Para o autarca gouveense, esta situação é preocupante porque «devíamos estar a aumentar os produtores e o efetivo de animais na região, mas estamos a diminuí-lo». Já na Mêda, a autarquia adotou medidas para reduzir os consumos de água e minimizar os efeitos da seca no concelho. De acordo com o vice-presidente da autarquia, César Figueiredo, os próximos meses «não vão ser fáceis» e houve uma «grande necessidade» de tomar medidas, nomeadamente de regulação «da lavagem de carros e da rega de jardins». O autarca avisa que, caso não haja «controlo e preocupação», pode mesmo ocorrer «ruturas no abastecimento de água à população». E acrescenta: «A água não aparece nas barragens por autorrecriação, tivemos problemas no passado e teremos problemas no futuro, mas se todos fizermos isto já contribui bastante», apela César Figueiredo, lembrando que o município é abastecido pela barragem de Ranhados, que integra o sistema multimunicipal da Águas do Vale do Tejo.
Seca já afeta produtores de gado da região
Venda de animais é iminente e existem municípios a tomar medidas