Região

Oposição chumba orçamento na Mêda

Escrito por Luís Martins

Em minoria no executivo, o socialista Anselmo Sousa não conseguiu que os três eleitos do CDS e do PSD viabilizassem os documentos previsionais para o próximo ano e vai ter que negociar uma solução de compromisso para garantir a aprovação.

O orçamento da Câmara da Mêda para 2019, com uma dotação de cerca de 12 milhões de euros, foi chumbado pelos vereadores da oposição. A situação não é inédita para o socialista Anselmo Sousa, que governa em minoria e no mandato anterior também teve problemas similares até conseguir um acordo de regime com o PSD.
O mesmo deverá acontecer agora, onde Aires Amaral é o único eleito social-democrata num executivo com dois vereadores do PS e outros dois do CDS-PP. «Estou disponível para dialogar e para encontrar uma solução de compromisso com o vereador do PSD ou até com um do CDS [o independente Aurélio Saldanha] se houver boa vontade para isso», disse Anselmo Sousa a O INTERIOR, sublinhando que César Figueiredo, o outro eleito centrista, já mostrou indisponibilidade para colaborar. O presidente do município lamenta que a oposição não tenha apresentado «grandes justificações» para não aprovar os documentos previsionais do próximo ano. «Invocaram que a taxa de execução tem sido baixa, mas está na ordem dos 80 por cento, e também os atrasos em obras do Plano de Ação de Regeneração Urbana (PARU) e noutros projetos, que não avançaram porque as candidaturas a fundos comunitários ainda não foram aprovadas», refere o edil medense.
O presidente acrescenta que está disponível para aceitar «sugestões e propostas» da oposição e que vai reunir com os vereadores na próxima semana para «conciliar vontades porque não me passa pela cabeça que o orçamento municipal não seja aprovado. Se isso acontecer os prejudicados serão os munícipes e o concelho», avisa Anselmo Sousa, que está a cumprir o segundo mandato. O autarca adianta que o orçamento contempla obras, como o lançamento da zona empresarial e requalificações no centro histórico no âmbito do PARU, bem como ações na área social. «É um orçamento estruturante para o concelho», considera o socialista. Opinião diferente tem o centrista César Figueiredo, que votou contra por considerar que a Câmara «não tem estratégia nem política» para o município. «A Mêda entrou num processo de regressão, está a perder serviços, pessoas e capacidade de investimento», contrapõe o vereador, para quem o orçamento de 2019 é «mais do mesmo em termos de despesa, de projetos e de coisas que não são estruturantes para o desenvolvimento do concelho».
Na sua opinião, os socialistas, que venceram as autárquicas mas governam em minoria, têm «falta de visão quanto às necessidades do concelho, enquanto outros municípios vizinhos estão a passar-nos à frente». O eleito contesta também a «estratégia errada» de contratação e avenças na Câmara, considerando que o «clientelismo está instalado na Mêda», onde «o presidente pensa no seu umbigo, em satisfazer o seu eleitorado, e não no concelho». Nesse sentido, César Figueiredo adianta que se Anselmo Sousa «cortar com o clientelismo» e for ao encontro dos «interesses e pretensões» dos medenses poderá contar com o seu voto para viabilizar este orçamento. O executivo vai reunir esta sexta-feira, mas os documentos previsionais só deverão voltar a ser discutidos na sessão de Câmara de dia 23. O INTERIOR também contactou o vereador do PSD, Aires Amaral, que disse não querer falar «por enquanto» sobre esta matéria.

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