Uma aldeia serrana sem habitantes desde 2017 candidatou a sua festa anual às “7 Maravilhas da Cultura Popular” para alertar para o fenómeno da desertificação e a perda de património desta anexa de Loriga, no concelho de Seia.
O Fontão, que já tinha concorrido às “7 Maravilhas Aldeias”, participa desta fez com a Festa de Nª Sra. da Ajuda, que acontece a 9 de agosto. A candidatura foi apresentada por João Garcia, que está a investigar a carta arqueológica do concelho de Seia, e ofereceu-se com Sónia Garcia para fazer a festa deste ano na ausência de mordomos. Uma tarefa para a qual contam com apoio da mãe. «O único elemento agregador do património imaterial do Fontão é a festa em honra de Nossa Senhora Ajuda», justifica o proponente. O projeto assenta em sete vertentes, que vão do artesanato (linho do Fontão) às lendas e mitos (Lenda do nascimento da aldeia do Fontão”) e às festas e feiras, passando pelas música e danças (o típico baile da festa”) e os rituais e costumes (tradição das “afogaças”). As procissões e romarias (“Procissão das Escadas”) e os artefactos, com uma amostra de artefactos naturais e manufaturados dos pastores da Serra da Estrela, são outras categorias que sustentam a candidatura.
«O património imaterial está a caminho de uma morte certa. Quando vemos os nossos antepassados a partirem e não valorizamos o conhecimento, perdemos o melhor legado cultural da região, pois a cultura não está nos museus, nem nas obras de arte, estas bebem daquilo que nasce das famílias mais humildes», refere João Garcia em nota enviada a O INTERIOR.