Há 20 anos que Trancoso, Sabugal e Mêda são cidades

A 9 de dezembro de 2004 foi aprovado em Assembleia da República a elevação das vilas de Trancoso, Sabugal e Mêda a cidade. Já passaram 20 anos desde que vários deputados entregaram no Parlamento os projetos-lei que propunham a promoção destas localidades à categoria de cidade, durante a governação do social-democrata Pedro Santana Lopes.
Começando por aquela que foi e continua a ser uma das mais importantes vilas medievais, Trancoso fez uma dupla comemoração: os 20 anos desde que a sede do concelho passou a cidade e ainda a elevação de Vila Franca das Naves a vila. O reconhecimento enquanto cidade trouxe a Trancoso «notoriedade, maior projeção, centralidade e, sobretudo, acessibilidades», afirma convictamente o autarca local. Amílcar Salvador olha para 2004 e aponta que «desde aí muitas obras foram aparecendo, muita coisa não existia», nomeadamente um «grande crescimento empresarial, com o aparecimento de PME’s Líder e de Excelência», exemplifica.
Atualmente o município está a registar um «aumento de população», o que faz o autarca falar «em esperança, é sinal que o problema demográfico esteja a ser ultrapassado». Para Amílcar Salvador, o desenvolvimento de Trancoso e Vila Franca das Naves deve-se também à elevação a cidade e vila, respetivamente. Para assinalar a efeméride, o município dinamizou uma série de iniciativas na segunda-feira, entre as quais a inauguração da requalificação da ETAR de Vila Franca das Naves, num investimento da ordem dos 500 mil euros, e homenageou o presidente da Junta de então, Miguel Madeira (já falecido), Pedro Viterbo, António Oliveira e o padre José Cabral, «ilustres cidadãos», considera o presidente da Câmara.
No mesmo dia, o Sabugal também ascendeu a cidade, uma mudança que também resultou no «crescimento da localidade, através da possibilidade de candidatura a programas comunitários». Além disso, Vítor Proença diz que o Sabugal «tirou proveito» do novo estatuto uma vez que se tornou uma localidade mais «estruturada e atrativa, com boa dimensão territorial». O autarca recorda que «há 20 anos não havia muita coisa no Sabugal» e, em duas décadas, várias «zonas da cidade foram requalificadas, caso da praia fluvial, as Termas do Cró, a construção do “Smart Center”, entre outros projetos» que «vieram dignificar o Sabugal enquanto cidade», aponta Vítor Proença.
O edil olha para o futuro e adianta a O INTERIOR que o município raiano vai avançar com a criação de um «Ecomuseu, numa vertente da emigração, contrabando, vai ser um museu tecnológico, de terceira geração», explica. A Câmara Municipal também vai avançar com a primeira fase da «infraestruturação da zona da barragem, onde vamos construir um ancoradouro para desportos náuticos e uma série de equipamentos». Vítor Proença destaca ainda o projeto do Centro do Conhecimento, «um espaço com salas e um conjunto de infraestruturas ligadas à formação».
Também a cidade da Mêda comemora 20 anos desde a elevação. O objetivo, diz o autarca local, era «projetar a localidade e atrair residentes», o que, segundo João Mourato, «foi conseguido». O presidente da Câmara recorda que, em 2004, «algumas pessoas discordavam da elevação a cidade, porque diziam que passariam a pagar mais impostos, o que não é verdade». Duas décadas depois, João Mourato aponta que a Mêda está a «atrair pessoas, aumentar população, fazer investimentos e construções», acrescentando que a localidade deixou de ser uma «vila pequenina e passou a ser uma cidade pequena. Foi o suficiente para conseguirmos a vinda de pessoas e tornar a localidade conhecida».
Vinte anos depois, João Mourato reitera que a elevação a cidade foi uma decisão que «valeu a pena», depois de ter passado por todos os «crivos». O edil adianta a O INTERIOR que os munícipes já estão habituados à ideia da «Mêda ser cidade, e já dizem “vou à cidade”, sendo que antes diziam “vou à vila”». Por detrás da elaboração do projeto-lei que solicitava a elevação de Sabugal, Mêda e Trancoso a cidade estiveram vários deputados, entre eles os sociais-democratas Ana Manso, Vasco Valdez e Miguel Frasquilho, e o socialista Fernando Cabral.