Guarda e Castelo Branco são os distritos que mais dependem das Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) na prestação de cuidados a crianças e idosos.
Segundo o estudo “A Importância Económica e Social das IPSS em Portugal”, da Universidade Católica Portuguesa, promovido pela Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS), se estas instituições não existissem nos concelhos destes dois distritos não haveria nenhuma entidade a fazê-lo. O documento apresentado em Lisboa na semana passada mostra que em todo o país 27 por cento das freguesias de Portugal encontram-se nesta situação e é na região onde se torna mais evidente, uma vez que mais de metade dos equipamentos sociais direcionados a estas populações, como creches ou lares de idosos, pertencem às IPSS. A presença em territórios «carentes de oferta de serviços coletivos e onde mais nenhuma entidade está» revela o «contributo [das IPSS] para a coesão territorial», referem os autores do estudo, concluindo que se nestes casos se as instituições «desaparecerem ou fecharem, a população não tem alternativa».
Do outro lado estão os distritos de Lisboa e Setúbal, onde só em cinco por cento das suas freguesias se vive um cenário em que as IPSS são as únicas a dedicar-se à prestação de cuidados a crianças e idosos. Segundo os investigadores, os números demonstram a «importância económica e social das IPSS na sua faceta de oferta de proximidade, facilitando o acesso aos bens e serviços que produzem ao reduzirem os custos de deslocação em que os seus utentes incorrem para os consumirem». O estudo sublinha ainda a importância que as IPSS têm nos concelhos em que estão estabelecidas, caracterizado como o multiplicador do rendimento local – quanto é que um território ganha pela quantia aplicada pelas instituições. Contas feitas, por cada euro que as IPSS captam num concelho são gerados quatro euros (por exemplo, por causa do emprego que criam).
O documento concluiu que quase metade das IPSS a operar no país dá prejuízo, mostrando que a taxa de endividamento, referente a 2016, das 553 instituições analisadas, corresponde a 139,36 por cento. Já a percentagem relativa ao pagamento dos utentes corresponde a cerca de 30 por cento, o que indica que «a cada euro que um utente lhe consegue pagar. Uma IPSS tem de arranjar mais dois euros», por exemplo através do Estado.
Guarda e Castelo Branco são distritos mais dependentes das IPSS
Estudo conclui que por cada euro captado pelas IPSS são gerados quatro euros no respetivo concelho