Região

Governo quer comboio até Salamanca por Barca d’Alva

Comboio
Escrito por Efigénia Marques

Intenção foi assumida na resposta do gabinete de João Galamba, ministro das Infraestruturas, a um grupo de deputados do PSD na Assembleia da República

Depois de retomar a reativação da ferrovia até Barca d’Alva, em Figueira de Castelo Rodrigo, o Ministério das Infraestruturas assume agora o objetivo de levar o comboio até Salamanca pela Linha do Douro. A intenção foi assumida na resposta do gabinete de João Galamba a um grupo de deputados do PSD.
Segundo o jornal online “Eco”, que cita a comunicação ministerial publicada na semana passada no site do Parlamento, esta ligação internacional tem sido abordada nas últimas cimeiras luso-espanholas, onde o atual Governo «tem manifestado o interesse na ligação pela Linha do Douro até Salamanca». O que é uma novidade, já que até agora não se tem falado oficialmente do assunto, nem há qualquer referência a esta alternativa nas declarações conjuntas de 2020, 2021 e 2022, que apenas têm elencada a futura linha de alta velocidade entre Aveiro e Salamanca. Com obras previstas para a Linha do Douro, Portugal quer agora influenciar o Estado espanhol a reabrir a linha do outro lado da fronteira, onde parte do percurso foi transformado num trilho pedonal, o “Camino de Hierro”.
Por cá, os comboios que vêm do Porto ficam no Pocinho (Vila Nova de Foz Côa) desde 1988, mas o Governo já abriu procedimentos concursais para reativar os 28 quilómetros de ferrovia até Barca d’Alva, cujo prazo de execução é de dois anos e seis meses. As obras apenas poderão ir a concurso em 2026, num investimento que será superior a 75 milhões de euros. Esta semana deverá ser lançado o concurso público para a eletrificação do troço Marco-Régua, com um preço-base de 118 milhões de euros, e posteriormente para a ligação Régua-Pocinho.
Entretanto, um estudo elaborado pela Fundação Côa Parque concluiu que a reabertura do troço Pocinho-Barca d’Alva poderá alavancar o número de visitantes ao Museu do Côa provenientes do litoral. «O inquérito a cerca de 250 pessoas, realizado entre dezembro de 2022 e fevereiro deste ano, só vem reforçar que a reabertura deste troço de via férrea traz grandes benefícios económicos, ajudando a promover as visitas regulares a este museu e território, alavancando igualmente a outros recursos endógenos e turísticos», afirma Aida Carvalho. A presidente da Côa Parque adiantou que o trabalho foi elaborado em parceria com o Centro de Investigação, Desenvolvimento e Inovação em Turismo (CiTUR) e lembrou que há uma antiga estação nas proximidades do Museu do Côa, o que «facilita o acesso» ao espaço situado na margem esquerda do rio Douro.
Eunice Duarte, investigadora do CiTUR, acrescentou que 91,7 por cento dos inquiridos neste estudo utilizaria o comboio para visitar a instituição, a que se juntam 54,2 por cento das que pessoas que afirmaram que a viária férrea seria um meio a utilizar para caminhar nos Passadiços do Côa. Também 54,2 por cento utilizaria este meio de transporte para ir comer nos restaurantes locais e 50 por cento dos entrevistados disse que utilizaria o comboio como meio de transporte para ficar alojado no Vale do Côa. Já 95,5 por cento dos participantes no estudo considerou que a reabertura da linha do Pocinho até Barca d’ Alva poderá criar novos mercados para os produtos locais. O estudo indica ainda que 95,5 por cento dos inquiridos garantiu que se houvesse um bilhete combinado, viagem de comboio e visita ao museu, compraria, enquanto 41,7 por cento indicou que estaria disponível para pagar entre 14 a 16 euros por bilhete de comboio até Barca d’Alva.

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Efigénia Marques

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