Durante obras de restauro na Igreja Matriz de Malhada Sorda (Almeida) foram descobertos frescos e pinturas murais do século XV por detrás de alguns altares. Os achados foram apresentados ao público na sexta-feira pela Fundação Família Luzia Esteves Pinheiro, que está a realizar os trabalhos.
A reabilitação da igreja era um dos principais objetivos da instituição sediada naquela aldeia do concelho de Almeida. «O projeto está a ser desenvolvido através de mecenas, que ainda estão vivas e quiseram doar grande do seu elevado património para a reabilitação desta igreja», disse a O INTERIOR Conceição Cardoso, presidente da Fundação Família Luzia Esteves Pinheiro. A intervenção global, orçada em cerca de dois milhões de euros, inclui obras no interior e no exterior do templo, incluindo a recuperação de um muro lateral destruído nas Invasões Francesas, e a reabilitação da torre sineira. Algumas das pinturas descobertas são de referência nacional, nomeadamente uma sobre a Criação e o Nascimento de Adão e Eva, um tema que só se encontra representado numa igreja em Espanha e numa imagem de São Bartolomeu.
Os frescos vão ser restaurados, sendo desejo da Fundação que a missa do Corpo de Deus em 2025 já seja celebrada na Igreja Matriz restaurada. Relativamente aos progressos das obras, Conceição Cardoso adianta que «neste momento já estamos bem encaminhados e mais de metade do projeto está cumprido. Agora vai entrar uma equipa de trabalhadores que vai começar a intervir nos frescos e nas pinturas murais descobertas. Já conhecíamos a existência de alguns deles, mas não tínhamos noção da dimensão. Estamos a falar de frescos do séc. XV e só com o desmontar de alguns altares é que fomos surpreendidos com mais frescos e pinturas murais». A responsável não esconde a satisfação pelos achados e assume que foi «um privilégio enorme termos a possibilidade de ver e contemplar aquilo que durante séculos não foi visto por ninguém».
A Fundação Família Luzia Esteves Pinheiro foi criada em 2020 pelas irmãs Beatriz Luzia Esteves Pinheiro e Maria Lídia Luzia Pinheiro Gata Limão para preservar o património histórico e cultural deixado pelo irmão, o padre José Júlio Esteves Pinheiro, que inclui um acervo documental de mais de 25.000 livros.